De frente com o Alzheimer

Um lapso de memória, um esquecimento, uma desorientação, variações de humor… Aparentemente, esses sintomas podem ser apenas o tempo atuando sobre nosso cérebro, mas, algumas vezes, eles podem indicar a doença de Alzheimer, enfermidade neurológica progressiva e incurável em que a pessoa vai gradativamente perdendo funções como raciocínio e memória.

Inicialmente, há a alteração de humor (como depressão e irritabilidade), lapsos de memória e episódios de desorientação no tempo (como lembrar que dia é hoje) e no espaço (não saber onde está ou para onde está indo).

Segundo a neurologista Luciana Neves, da secretária do Departamento Científico de Atenção Neurológica e Neurorreabili-tação da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), a doença é difícil de ser diagnosticada já que os sintomas não são específicos, e qualquer pessoa pode apresentar.

“Contudo, esses sintomas vão evoluindo e piorando. Além disso, o diagnóstico de Alzheimer é de exclusão. Ou seja, é necessário fazer exames e submeter-se a avaliações médicas e até neuropsicológica para descartar outras doenças e daí afirmar que a pessoa tem Alzheimer” explica a especialista.

Quando diagnosticado o Alzheimer, a família tem papel fundamental no conforto do paciente. “É importante que ele não se sinta um peso para a família. É imprescindível não deixá-lo sozinho, nem que saia à rua sem acompanhamento, pois há o risco de quedas, de perder-se e não saber voltar para casa, e de acidentes. Também é necessário acompanhá-lo nas consultas”, afirma Luciana. 

A médica aconselha ainda a procurar sempre ser carinhoso e paciente com o enfermo, pois, no início, ele perceberá a evolução da doença, o que leva a intensa angústia. “É importante a sinceridade. Na medida do possível, conversar com a pessoa com Alzheimer e com os familiares, pois será necessária a organização familiar no que tange cuidados em casa e a administração das finanças no futuro”, adverte. 

Luciana destaca também a importância de um tratamento multidisciplinar, pois, com o tempo, o paciente necessitará de outros profissionais, além do médico, como fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e nutricionista, além de medicamentos específicos que estão disponíveis na rede pública. Essas necessidades surgirão de acordo com o estágio em que o paciente se encontra. 

A causa do Alzheimer ainda é desconhecida e estima-se que no Brasil haja mais de 1 milhão de pacientes com a doença e, com o envelhecimento da população, esse número tende a aumentar significativamente. Entre os fatores de risco, o maior é a idade (mais de 65 anos), depois temos o histórico familiar, a baixa escolaridade e o estilo de vida, como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo. 

A médica reforça que é preciso combater os riscos da doença que estão ao nosso alcance. “Aconselho focar no combate aos fatores de risco que podem ser eliminados, controlando peso, pressão arterial, glicemia, fazer atividade física e intelectual, como leitura, curso, estudo”, afirma.

ESPAÇO MÉDICO

Prontuários compartilhados com o projeto Idoso Bem Cuidado

Foi apresentado nesta semana o projeto Idoso Bem Cuidado, que promoverá cuidado totalmente integrado e com maior resolubilidade na saúde suplementar, por meio do compartilhamento de dados, possibilitando otimizar os custos e racionalizar o fluxo de atendimento. A iniciativa é da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM).

Trata-se, enfim, da centralização das principais informações de saúde dos idosos em um sistema eletrônico que facilitará o acesso de profissionais em toda a rede privada, com segurança máxima e permissão do paciente.  

“Sabemos que o idoso é um tipo de beneficiário que consome muitos recursos da Saúde, com histórico médico em geral muito grande e que, geralmente, está desorganizado. O paciente eventualmente passa por diversos especialistas, porém, muitas vezes, eles não conversam nem compartilham informações. Em outros casos, o médico precisa de uma informação específica de um exame que o idoso não levou para a consulta, por exemplo. Ou seja, quando não se tem toda a relação de dados, o prejudicado pode ser o próprio usuário, que não terá o tratamento completo, com a rapidez adequada”, explica Antônio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da APM.

Ao todo, 100 instituições se inscreveram para participar voluntariamente do projeto piloto para implementação do modelo de atendimento. Dessas, a ANS selecionou 50 operadoras e 14 prestadores de serviços em todo o País, cujas propostas são focadas, sobretudo, na atenção básica e no atendimento primário do idoso. A conclusão do piloto está prevista até o começo do próximo semestre.

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