O arsenal dos fóruns e os criminosos

O assalto ao fórum de Diadema (SP), de onde bandidos levaram, na noite do último sábado, 391 armas (revólveres, pistolas, submetralhadoras e até um fuzil), repete crimes já ocorridos em todo o país. O Poder Judiciário armazena na sua sede as armas apreendidas nos processos e estas acabam caindo nas mãos das quadrilhas que, cada dia mais ousadas, subjugam os vigilantes da repartição, arrombam as instalações e levam tudo. É uma prática de muitos anos, que começou pelos prédios das comarcas interioranas, então sem vigilância e, na escalada da violência, hoje envolve a região metropolitana onde, pelo menos em tese, a segurança é mais presente.

Desde o desarmamento da população – que desarmou o cidadão de bem e foi incompetente ao não retirar as armas das mãos dos bandidos – as armas depositadas no fórum ganharam importância na pauta do crime. E, mesmo com tantas ocorrências registradas em toda parte, não se encontrou a fórmula eficiente de guarda desse material que, por isso, acaba caindo nas mãos dos criminosos e utilizados para assaltos e outros ilícitos.

Só no estado de São Paulo existem mais de 300 comarcas. Isso equivale a dizer que há pelo menos 300 locais onde pode haver armas depositadas e enchendo os olhos dos bandidos locais e regionais. Na menor oportunidade, as peças acabam subtraídas. Seria interessante a montagem de um ponto seguro para o depósito desses artefatos por um tempo determinado até a sua destruição ao final dos processos correspondentes. Na vara onde tramitam os feitos, deveriam permanecer apenas fotografias e outros elementos periciais, inservíveis para a prática de crimes, mas identificadores do delito atribuído ao réu.

Foi-se o tempo em que Fórum, Prefeitura e até repartições policiais eram respeitados. Lembro-me de uma figura do tempo de menino, inimaginável para os dias de hoje. Na cidade interiorana, onde meu pai era policial e levou a família para morar, havia uma empresa que vendia armas e munições para caça e outras finalidades legais e possuía parte de suas instalações na divisa da área urbana com a rural e, na fachada, o prédio ostentava a inscrição “Depósito de Explosivos da Casa Sampaio”. O guardar armas no fórum é coisa daquele tempo, e precisa mudar…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)  aspomilpm@terra.com.br    

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