Um setembro de muita expectativa

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

Desde 1822, o Brasil tem o mês de setembro como grande divisor de épocas. Há 195 anos deixamos a condição de colônia, ganhando vida autônoma. Muitas coisas vieram a acontecer no nono mês do ano, como a nossa entrada na 2ª Guerra Mundial, o começo da televisão no país, acontecimentos esportivos e até a abertura, na Câmara, do processo de impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992. O setembro que ora vivemos mostra-se tão ou mais vigoroso que os anteriores. O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci (PT) é bombástico e a prisão do ex-ministro Geddel Viera de Lima (PMDB) o transforma no moderno homem-bomba, pois deverá revelar quem são os donos dos R$ 51 milhões encontrados em seu apartamento. Isso sem falar dos rumos que poderão tomar as delações de Joesley Batista e seus auxiliares, que passaram o feriado depondo na Procuradoria Geral da República.

O despacho do ministro Edson Fachin, pela abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer por ação de favorecimento à empresa que opera no porto de Santos é outro petardo de setembro e, dependendo do seu encaminhamento, poderá deflagrar nova temporada de compra de votos na Câmara dos Deputados, para evitar a autorização legislativa à instauração do processo. E, de quebra, ainda poderão vir novas denúncias de Janot contra o governante.

Há, ainda, a expectativa do depoimento do ex-presidente Lula, marcado para a próxima quarta-feira, dia 13, perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Depois da fala de Palocci, o réu deverá sofrer novos questionamentos sobre coisas que tem negado enfaticamente, como ser dono do sítio em Atibaia e as compras do apartamento vizinho ao seu e do terreno para o Instituto Lula. As denúncias vão se afunilando.

Tudo isso revela o Brasil politicamente incorreto em que temos vivido e a necessidade da reforma urgente de paradigmas. Não podem os políticos continuar gastando mais em campanha do que aquilo que vão ganhar durante o mandato inteiro. Os que fazem declarações, especialmente à justiça e sob o compromisso de dizer a verdade, têm o dever de revelar os fatos por inteiro, sob pena de pagarem caro pelo erro. Não podem os que, por razão de ofício, têm conhecimento dos processos, vazar informações nele contidas. Não podem os políticos, sob qualquer pretexto, terem seus mandatos sustentados por propina, achaques ou qualquer outra ilicitude pois, assim sendo, dia mais, dia menos, o país entra em crise como a que hoje vivenciamos.

Setembro de 2017 no Brasil. Ninguém, em perfeito juízo, é capaz de prever como terminará. Oxalá, acabe de forma melhor para o povo e para o futuro desse nosso gigante tão maltratado…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br

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