Violência e o bullying escolar

O atentado cometido por um estudante de 14 anos a uma escola em Goiânia, causando a morte de dois jovens colegas, no último dia 20 de outubro, de acordo com as investigações da polícia, teria sido motivado por bullying. A tragédia traz novamente a necessidade do debate acerca da responsabilidade e da ação das instituições de ensino no combate a esse tipo de agressão entre estudantes.

Divulgado nos primeiros meses deste ano, o terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015 já revelava que aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas brasileiras. Trata-se de um índice preocupante e que merece uma visão mais aprofundada.

Grande parte dos casos de bullying escolar acontecem com a vítima tendo algum componente estético destacado e, em muitas ocasiões, durante as aulas de educação física, seja no momento em que a criança acima do peso, por exemplo, é colocada a correr durante a aula, com as mais magras levando clara vantagem ou quando mais tímidos têm que demonstrar habilidade para interagir em e com algo que nunca haviam feito.

Esses e muitos outros exemplos acontecem, infelizmente, na postura ausente do professor, principalmente daqueles que se preocupam com a obediência às regras do jogo em detrimento à criação de um ambiente de desenvolvimento social, emocional e de respeito às individualidades.

Os profissionais da educação física podem e devem fazer a diferença para frear o grande número de casos de bullying escolar. Há uma forma de se conseguir isso. Basta pensá-la de modo educacional, como acontece com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar, compreendendo como o corpo e o organismo funcionam e como pode ficar debilitado na falta da prática de uma atividade física.

Os bons profissionais da educação física estudam e têm base para agir assim. A questão é colocar o conhecimento em prática e, em suas aulas, planejar e usar o imenso universo de conceitos e ideias da área para explicar, dar base e informações para o aluno.

Essa mudança de mentalidade do professor fará o aluno praticar a atividade física não de forma mecanizada e até contra a vontade, mas de um modo que entenda o exercício e o corpo, não apenas o seu como também o de seu próximo. Isso fará com que cada jovem entenda-se melhor e compreenda as limitações e diferenças de seu colega, o que é fundamental na construção do respeito e, entre outros saudáveis resultados, a redução de casos de bullying escolar.

Cristiano Parente é professor e coach de educação física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso internacional promovido pela Life Fitness. É CEO da Koatch Academia e do World Top Trainers Certification, primeira certificação mundial para a atividade de educador físico.

 

Seja o primeiro a comentar sobre "Violência e o bullying escolar"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*