ARAGARÇAS E O IMBRÓGLIO POLÍTICO

Aragarças-GO

Guardo com carinho cópia do meu primeiro título de eleitor com o visto da primeira eleição que votei, aos 20 anos de idade, em 15/11/1976, quando orgulhosamente elegemos prefeito de Barra do Garças o jovem Wilmar Peres de Farias, o primeiro do MDB a galgar o cargo de prefeito no Estado de Mato Grosso. Na época não havia voto para menor de 18 anos e nem iletrados. Contudo, minha militância política já havia iniciado há muito, nos escondidos movimentos estudantis, notadamente combatendo toda forma de ditadura e censura.

Não tive cargo eletivo, mas exerci cargo de subsecretário de estado, de direção regional de órgãos da administração direta e empresa estatal, e, nos últimos 20 anos, assessorias jurídicas e cargos de procurador municipal. Soma-se, portanto, experiência de gestão e política pública com conhecimento jurídico em direito público e constitucional, porém, jamais me deparei com um imbróglio político como o que vem ocorrendo em Aragarças, onde desde janeiro de 2017 exerço o cargo de Procurador Municipal do Executivo.

Lembro-me de ouvir, ainda na infância, meu pai dizer: “dois bodes de chifres não bebem água ao mesmo tempo na mesma cumbuca”. Acho que em Aragarças têm mais que dois “bodes” (figurativo) querendo água na mesma cumbuca em um tempo só. Até que a “cumbuca” é grande e está farta de água, mas os chifres são maiores ainda, aí, só cabeçadas!

É público e notório que José Elias Fernandes tem um temperamento forte! É um executivo nato e não titubeia em tomar decisão que entenda ser correta, assumindo as consequências, logicamente, de seus atos. Devo reconhecer que até mesmo assessorá-lo não é tarefa fácil. Para tanto é preciso compreender seu raciocínio e ter sempre em mente a praticidade e o pragmatismo face a administração pública, afinal, são mais de 70 anos de vida com desafios das mais diversas naturezas, sendo fracasso imaginar que depois de tantos, haveria mudanças de atitudes em nome da “governabilidade”. Registro, ainda, que não presenciei e não constatei atos de impropriedade administrativa ou desvio de conduta face o município de Aragarças neste governo. Ademais, a Secretária Municipal de Administração, Srª. Silvania F. Furtado Queiros, é pessoa que controla todos os detalhes da movimentação orçamentaria e receita municipal. De família barra-garcense, já aposentada como bancária, é quem de fato detém a chave do cofre municipal. Portanto, totalmente descartado qualquer desvio de dinheiro do cofre aragarcense. Improbidade propriamente dita, jamais!

Ocorre que nove dos onze vereadores aragarcense não só se portam como adversários políticos, mas como inimigos pessoais do prefeito, impondo o descumprimento da Constituição Federal e da Lei Orgânica Municipal que obriga a Harmonia dos Poderes. Ninguém vai mudar a forma de agir do prefeito José Elias. Se a maioria dos vereadores entendem por atacá-lo com medidas de exceção, a população de Aragarças vai ver por muitos anos ainda este embate que em nada engrandece os políticos e nem mesmo o interesse público. A denúncia que gerou o afastamento do prefeito em 5 de março corrente é prova concreta da rixa política, da descompostura dos Edis que agem por emoção, munidos de rancor e/ou ambição. Não é aceitável que se use do cargo público eletivo para transformar mandatos em instrumento do ódio. A Constituição pátria impõe harmonia entre os poderes e assevera que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representante eleitos. Em suma, o mandato deve e só pode ser exercido em nome do povo.

Para concluir, se somarmos prefeito e vereadores para o adágio popular acima referido, certamente que se dois bodes com chifres não bebem água na mesma cumbuca, imaginem doze. Aragarças é o menor município de oeste goiano e com a maior população. Tem receita menor que os municípios vizinhos, mas tem problemas de todos eles juntos. Mais da metade da força ativa de trabalho de Aragarças atua em Barra do Garças. Se isso garante parte dos empregos e rendas às famílias aragarcenses, por outro lado estas exigem mais prestações de serviços públicos dos governantes local, e, estes, a meu ver, tem a obrigação de se unirem para dar resposta à população que os elegeu. Vejo, sem medo de errar, que há por parte dos vereadores(a) de Aragarças um movimento xenofóbico em face do prefeito José Elias.

Luiz Paulo Gonsalves de Resende
OAB/MT 6272
Procurador do Município de Aragarças.

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