MPE afirma ter ”provas robustas” de esquema e cita novas fases

Foto: Alair Ribeiro/MidiaNews

“Temos provas robustas que houve desvio de dinheiro público e estamos investigando”

Por Douglas Trielli/Mídia News

O procurador-geral de Justiça Mauro Curvo afirmou que novas fases da Operação Bereré, que investiga esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões do Detran-MT, devem ser deflagradas em breve.

Em entrevista à rádio Capital FM, na manhã de quinta-feira (08), Curvo disse que o Ministério Público tem provas documentais contra uma série de acusados

“Estamos nessa fase de apuração dos fatos. Já temos muitas provas documentais. Existe, por exemplo, situação de pessoa que deu 500 cheques para outro lavar dinheiro. Então, é uma situação em que temos muitas provas e, com toda certeza, todas as provas serão obtidas”, explicou.

“E na medida em que você vai tendo prova, vai avançando. E daqui a pouco pode ter certeza que teremos pessoas denunciadas e da nossa parte as providências serão tomadas. A gente não sabe quanto tempo vai levar para desencadear uma segunda fase da operação. Não tem como dizer. E mesmo se soubesse não iriamos avisar, por óbvio. Mas vai ter. A situação está longe de acabar”, completou.

Mauro Curvo ressaltou que desde 2013 o órgão vem tentando rescindir o contrato da EIG Mercados, antiga FDL Serviços de Registro, com o Detran-MT. Uma ação corre na Vara de Ação Civil Pública, mas está parada aguardando um recurso.

Entre os acusados estão o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry.

“Desde 2013, o MPE move uma ação visando retirar a empresa FDL desses serviços no Detran. Antes de entrar com essa ação, foi feita uma notificação dos gestores da época mostrando a desnecessidade desse serviço ser concedido”, disse.

“Então, há cinco anos não existia absolutamente nada, ninguém dizia que isso gerava propina para autoridades e nós já estávamos tomando providências. Mas até hoje não se conseguiu afastar essa empresa desses serviços que foram concedidos desnecessariamente”, afirmou.

Por fim, o procurador rebateu críticas de agentes políticos às investigações. Para ele, é natural, os alvos se sentirem incomodados.

“A gente tem provas robustas de que houve desvio de dinheiro público oriundo do Detran e estamos investigando esse fato. É bom a gente entender que o MPE não investiga pessoas, investiga fatos. E esses fatos é que vão levando às pessoas. E muitas vezes, quando essas pessoas se veem investigadas, elas se sentem, naturalmente, incomodadas”, disse.

“É assim a regra do jogo. Mas o que a gente pode dizer é que ninguém é melhor que ninguém. O que a gente está procurando fazer é exercer, com bastante eficiência, nosso papel constitucional”, completou.

A operação

A operação foi desencadeada em Cuiabá, Sorriso e Brasília (DF), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.

Foram alvos da operação o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry, servidores públicos, empresas e particulares.

A operação é desdobramento da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o “Dóia”.

Ele revelou esquemas de corrupção na autarquia, iniciados em 2009, e que renderiam, ao menos, R$ 1 milhão por mês.

A EIG Mercados (antiga FDL) venceu uma licitação, em 2009, para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.

Até julho de 2015, a empresa ficava com 90% da arrecadação anual – estimada em R$ 25 milhões – e o órgão com 10%.

Em julho de 2015, já na gestão Pedro Taques (PSDB), o Detran-MT fez um termo aditivo ao contrato, passando a receber 50% da arrecadação.

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