Ano letivo começa em 45 unidades prisionais de Mato Grosso

Sala de aula na cadeia pública de São Félix do Araguaia

Para este ano, estão matriculados 2.600 reeducandos, um acréscimo de quase 10% em relação ao ano passado

O ano letivo começou nas unidades prisionais de Mato Grosso, uma chance de centenas de reeducandos avançarem no processo educacional e na ressocialização e, desta forma, conseguirem a remição na pena. Para este ano, estão matriculados 2.600 reeducandos em 45 unidades prisionais, um acréscimo de quase 10% em relação ao ano passado.

Na Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis (215 km ao Sul de Cuiabá), são 214 matriculados nos Ensinos Fundamental e Médio que começaram a participar das aulas ministradas por 13 professores da Escola Estadual Nova Chance.

A unidade prisional, conhecida como Mata Grande, tem cinco salas de aula e nelas muitos reeducandos já conseguiram alçar novas oportunidades. Dois deles, por exemplo, no ano passado ingressaram na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e com apoio da família e autorização judicial, passaram a frequentar um curso superior.

T.J.O.A., de26 anos, é um dos estudantes da unidade e diz que a oportunidade de estudar na penitenciária é gratificante. “Aqui na sala de aula me sinto livre. Agradeço os professores que deixam suas famílias lá fora e vêm aqui para se dedicar a ensinar. A escola é muito importante, pois aqui posso aprender e ter a chance de mudar de vida”.

Início das aulas na penitenciária Major Eldo de Sá Correia, em Rondonópolis

A professora Creuza Ribeiro está na Escola Nova Chance desde a criação e destaca o empenho de muitos reeducandos no processo educacional. No início do ano letivo, os alunos foram reunidos para conhecer o quadro de professores e os projetos e metas da escola na unidade. “A educação e o trabalho têm uma contribuição essencial na ressocialização dos reeducandos. Nossa meta é sempre ofertar aos reeducandos aulas atrativas com temas relevantes, levando sempre em conta que a educação é um instrumento importante dentro da unidade, pois tem reflexos internos e externos”, destaca a pedagoga.

E.A.S., de 37 anos, frequenta as aulas há quatro anos. “Fiquei muito feliz de poder voltar a estudar. É uma oportunidade a mais, pois em outro momento fiz coisas erradas e não estudei. Hoje, voltei a ter essa chance e agradeço aos professores”.

Na Penitenciária Major Zuzi Alves, em Água Boa (730 km a Nordeste de Cuiabá), 202 reeducandos estão matriculados. No ano passado, 44 deles prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e quatro conseguiram média para aprovação em cursos superiores.

Enem

No ano passado, 1.129 reeducandos do sistema penitenciário estadual participaram do Exame Nacional do Ensino Médio. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Educação nas Prisões, Margaret Anderson, a intenção é manter essa trajetória crescente. “Quando começou a participação dos reeducandos no Enem, em 2012, eram apenas 468 inscritos”.

Os resultados do Enem podem ser utilizados para certificação de conclusão do Ensino Médio pelas instituições, como também os resultados do exame poderão ser utilizados como mecanismo único, alternativo ou complementar de acesso à educação superior.

Trinta e cinco reeducandos conseguiram ingressar em cursos superiores de instituições públicas pelo Sistema de Seleção Unificada, e em universidades particulares, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni).

Para certificação do Ensino Médio, 43 recuperandos conseguiram a média no Enem, 15 deles apenas na Penitenciária de Água Boa.

Raquel Teixeira | Sejudh-MT

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