Mato Grosso e PR têm problemas para escoamento da soja

Escoamento para o Norte teve problemas na BR - 163 ( Foto: Reprodução)

Em MT, a colheita da soja está na reta final e atoleiros atrapalharam escoamento

O milharal cresce vistoso na fazenda do Wellington. São 2 mil hectares em Tangará da Serra, sudoeste de Mato Grosso. Nesta época a atenção do agricultor fica dividida. Ele até acompanha o desenvolvimento da nova lavoura, mas está mais preocupado com o futuro da soja recém-colhida.

O agricultor Wellington Formigoni diz que só vendeu uns 50% do que produziu e que o preço caiu bastante. A torcida é para que o preço melhore e, para isso, o agricultor aposta na demanda pelo grão. Especialmente no apetite do mercado internacional.

Desde de 2010, as exportações da soja produzida em Mato Grosso não param de crescer. Só no ano passado, foram mais de 15 milhões e 200 mil toneladas, um volume histórico. Para 2017, a previsão é pelo menos repetir este número.

A China segue como o principal destino. Já as portas de saída para a soja mato-grossense têm mudado. O porto de Santos ainda é o mais usado e deve continuar assim este ano.

Recebeu no ano passado mais de 7 milhões de toneladas. A maior parte fez o caminho de trem, mas são mesmo os caminhões que carregam o “grosso” da safra – quase 8 milhões de toneladas.

Poucos trechos das estradas e rodovias de Mato Grosso são duplicados, mas, mesmo assim, elas comportam todo o volume que sai do estado. Os grãos vão para pelo menos outros 8 portos espalhados pelas regiões Sul, Sudeste e Norte do país, que aliás tem se destacado.

Os portos de Manaus, no Amazonas, São Luiz no Maranhão, e, principalmente, Barcarena e Santarém no Pará, que estão no chamado Arco Norte, recebem juntos 32% da soja de Mato Grosso que vai para exportação e todos eles já embarcam mais que o porto de Paranaguá, no Paraná, que até 2014 era a segunda principal porta de saída do produto.

Os produtores de soja do Paraná estão rindo à toa. A produção de grãos no estado foi a maior já registrada. A estimativa da Secretaria de Agricultura é de colher 23,6 milhões de toneladas de milho e soja, 16% acima da safra passada.

Na propriedade do Robson, em Catanduvas, no oeste, a colheita da soja está terminando e o agricultor tá cheio de motivos pra comemorar. “Ela melhorou. Estamos esperando atingir uma média boa, umas 70 sacas por hectare. Foi bem melhor que no ano passado”, afirma o produtor.

Assim que o grão é colhido, o caminhão, carregado de soja, pega a estrada rumo à cooperativa, que irá armazenar a produção. Lá, o ritmo de trabalho é intenso. O movimento de caminhões descarregando os grãos que irão para os armazéns está 40% maior do que na última safra. Com tanto trabalho pela frente, a cooperativa contratou novos funcionários.

Boa parte do que é produzido na região oeste do Paraná tem como destino o porto de Paranaguá, no litoral do estado, de onde os grãos seguem para a exportação. Para chegar até o porto são dois caminhos: pela estrada ou pela ferrovia. Mesmo sendo em torno de 40% mais barato, o trem ainda é a segunda opção de produtores e transportadores. Cada tonelada de grãos transportada pela ferrovia custa em média, R$ 70, de Cascavel a Paranaguá.

Pela rodovia, a mesma quantidade, chega a custar R$120. Mesmo assim, só 10% dos grãos colhidos na região chegam a Paranaguá pelos trilhos. A falta de investimento continua sendo o freio que impede um maior aproveitamento da malha ferroviária do Paraná, segundo o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.

Com o trem em segundo plano, mais de dois milhões de toneladas de soja e milho estão cruzando o estado do Paraná pelo asfalto. De Cascavel à Paranaguá são 600 km de distância – quase 15 horas de viagem na boleia dos caminhões pela BR-277, que é toda pedagiada.
Por isso, além dos produtores, quem também comemora essa safra cheia são os caminhoneiros que fazem o transporte e o escoamento dos grãos da lavoura até o Porto.

Na transportadora do Diego, o movimento aumenta até 80% neste período. “Um movimento que você faz 300 caminhões por dia na safra, na intersafra você faz 70, no máximo 100”, diz Diego Nazzari Reis, diretor de transportadora.

O empresário conta que o que também tem facilitado a escolha pelo transporte rodoviário foi o fim das filas de caminhões para descarregar no porto de Paranaguá. Com o agendamento da chegada dos veículos no Porto, o tempo de espera diminuiu.

 

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