Rescaldo da greve

Nem tudo que reluz é ouro; nem tudo que se planeja, alcança seus resultados, se não for bem intencionado nos seus objetivos. E isto ocorreu na sexta-feira, dia escolhido pelos sindicalistas que buscam (com raras exceções) ampliar cada vez mais as suas mordomias, os seus privilégios.  

Conforme um estudioso do sistema sindicalista “a mobilização da sexta-feira (28/04), que os organizadores pretendiam ser uma greve geral, não passou de uma rebelião de sindicatos preocupados com seus privilégios”.

Continuando ele observou que “mais do que a anunciada luta contra as reformas trabalhista e previdenciária, as entidades foram às ruas para tentar manter a contribuição sindical compulsória, que obriga todo trabalhador, sindicalizado ou não, a destinar aos sindicatos os ganhos de um dia de trabalho por ano”.

Fosse somente isto ainda se daria um jeito, mas aproveitaram para esticar o final de semana e feriado para que se manietasse ainda mais a economia do País, pois, segundo estudiosos os prejuízos desta paralisação ultrapassou a casa dos 15 bilhões e isto, para uma nação que se vê às voltas com uma desestabilização econômica passa a ser um grande rombo.

Outro motivo almejado pela maioria dos sindicalistas enredados no ‘esquema” foi a busca da não negociação direta entre patrões e empregados, que torna desnecessários e até inúteis os sindicatos. Interessante, conforme o divulgado também, foi que usaram o dinheiro do trabalhador para ir às ruas defender aquilo que interessa só aos sindicatos e não ao trabalhador, que só paga a conta, muitas vezes sem saber a quem.

Segundo uma pesquisa, a contribuição compulsória é carreada aos sindicatos desde 1943. Trata-se, portanto, de um entulho da ditadura Vargas que até agora ninguém havia ousado eliminar. Pelo contrário, em 2008, o presidente Lula, oriundo do meio sindical, mandou repartir o bolo também com as centrais sindicais, exatamente as mesmas que foram às ruas na última sexta-feira.

Na visão de muitos estudiosos toda essa montanha de dinheiro – mais de R$ 3 bilhões por ano – não é passível de prestação de contas porque entendem os burocratas da república sindical em que foi transformado o Brasil, que fazer o sindicato prestar contas seria inconstitucional e feriria o direito de autogestão.

Para se entender esta parafernália por conta do dinheiro fácil, o Brasil possui hoje 16.293 sindicatos, sendo o país com o maior número deles, em todo o mundo. Os outros países com maior número de entidades sindicais são África do Sul com 191, Reino Unido 168, Dinamarca 164, Estados Unidos 130 e Argentina 91. Sensível diferença…

Colocação de um também sindicalista centrado: “Nada contra a liberdade sindical e o direito dos trabalhadores se reunirem em entidades de classe. Desde que mantenham o seu custeio e, como mantenedores, delas participem e se interessem pelo seu destino e pelos serviços que prestam à classe”.

Continuando o articulista inseriu que “da forma que se desenvolveram no Brasil os sindicatos não passam de braços manipulados ora pelo governo, ora pelos partidos de esquerda que acabam negociando com o governo. O que menos conta é o interesse da classe trabalhadora, que só dá o nome para legitimar a existência das entidades”.

A greve articulada teve, além do objetivo de aumentar o descanso dos anarquistas (grande maioria) o de também tentar impressionar o governo e o Senado que se forem centrados não poderão incorrer ou transigir em relação à contribuição sindical compulsória, já eliminada no projeto aprovado pela Câmara dos Deputados e a outros itens que libertam o trabalhador da escravidão sindical.

Se em continuidade do planejado houver a aprovação sobreviverá o sindicato que realmente presta serviços e respeita os interesses dos seus filiados, ficando impedidos de exercerem, na sua grande maioria, a política partidária, que deverá ocorrer com os partidos e não com os sindicados, que quase sempre são manipulados pelas centrais.

De qualquer forma a ciranda de rabo continua, ou seja, um tentando manipular o outro (políticos e sindicalistas e vice versa), como vem fazendo os petistas que ainda estão atuando na pseudo defesa do trabalhador.

Uma hora esta mamata tem que acabar e se muitos quiserem fazer greve, que as façam no domingo…

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