Ex-deputado pediu que Justiça cobre os relatórios de 2008 a 2014 do almoxarifado da Assembleia
A defesa do ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, requereu à juíza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, que oficie o Poder Legislativo a disponibilizar os relatórios de almoxarifado da Casa referentes aos anos de 2008 a 2014.
A solicitação visa a produção de provas das declarações de Riva em seu último depoimento à magistrada, no final de março. Na oportunidade, o ex-presidente afirmou que ao menos 34 deputados e ex-deputados receberam pagamentos mensais de propina para apoiar iniciativas das gestões anteriores do Governo do Estado.
De acordo com Riva, para que os repasses ganhassem um ar de legalidade, os parlamentares atestavam o recebimento de materiais de expediente que nunca chegaram de fato aos seus gabinetes. Além dos 34 políticos citados por ele, ao menos 40 empresas teriam feito parte do esquema.
“Continuando em seu intuito de colaborar com a persecução penal, o requerente ainda elencou os diversos deputados envolvidos no esquema, os quais sabiam também das fraudes na aquisição de materiais da Casa Legislativa, uma vez que atestavam falsamente o recebimento de materiais para seus gabinetes, conforme relato feito pelo requerente em seu reinterrogatório”, pontuou a defesa de Riva, no pedido destinado à juíza.
A magistrada não possui prazo específico para decidir se acata ou não a solicitação do ex-deputado.
Operação Imperador
As supostas irregularidades nas compras de materiais por parte da Assembleia são alvo de investigação da operação Imperador, deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPE). De acordo com a denúncia, teriam sido desviados dessa forma mais de R$ 61 milhões do Parlamento estadual entre os anos de 2005 e 2009.
Em março, Riva, principal réu da ação penal fruto da operação, adotou a postura de, segundo ele, colaborar com a Justiça. Em reinterrogatório ele deu detalhes de como o esquema funcionava e nomes de outros políticos supostamente beneficiados.
Segundo o ex-presidente, o esquema existia desde o governo Dante de Oliveira (já falecido) e continuou na gestão do hoje ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi (PP).
Somente este último, de acordo com Riva, teria repassado um total de R$ 37,5 milhões para pagamento, entre 2005 e 2008, de um “mensalinho” aos deputados estaduais.
“O requerido trouxe ao conhecimento deste I. Juízo informações sobre como realmente se deram os fatos narrados na exordial acusatória do D. MPMT, esclarecendo, inclusive, os responsáveis pelos pagamentos feitos aos deputados, sendo certo que o requerente ainda descreveu o modus operandi do esquema após 2009, quando passou a ocupar a presidência da D. ALMT”, diz outro trecho do pedido da defesa.
A lista
Entre os citados por Riva como beneficiários do esquema estão: o ex-deputado e ex-governador Silval Barbosa; o ex-deputado e atual conselheiro afastado do TCE, Sérgio Ricardo; os deputados estaduais Mauro Savi, Pedro Satélite, Sebastião Rezende, José Domingos Fraga, Guilherme Maluf, Gilmar Fabris, Wagner Ramos e Adalto de Freitas; o ex-deputado e atual secretário adjunto da Casa Civil, Carlos Brito; o ex-deputado e atual conselheiro do TCE, Campos Neto; os ex-deputados Dilceu Dal Bosco, Nilson Santos, Airton Português, Eliene Lima, Maksuês Leite, Ademir Bruneto, João Malheiros, Zeca D’Ávila, Nataniel de Jesus, Antônio Brito, José Carlos de Freitas, João Malheiros e Renê Barbour.
Também o ex-conselheiro do TCE Alencar Soares; o ex-deputado e ex-secretário de Educação, Carlão Nascimento; o ex-deputado e ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace Guimarães; o ex-deputado e ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz; o ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, Humberto Bosaipo; o ex-prefeito de Sinop, Juarez Costa; o ex-deputado e ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo; a ex-deputada e ex-vereadora Chica Nunes e o já falecido ex-deputado Walter Rabello.
Por Laura Nabuco/Mídia News
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