Deputados de MT recebiam ‘mensalinho’ para não denunciar desvios do governo

Foto: Reprodução

Pagamentos eram feitos para calar a boca dos deputados, segundo o ex-governador. Silval Barbosa (PMDB) teve acordo de delação premiada homologada pelo STF

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), afirmou em delação premiada que os deputados estaduais recebiam um ‘mensalinho’ para não denunciar fraudes e desvios do governo e na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Silval fez um acordo de delação premiada, que já foi homologado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Silval declarou que os pagamentos funcionavam como um “cala boca” da Mesa Diretora da ALMT para que os deputados não denunciassem as fraudes na Casa de Leis e no governo.

Silval afirmou ainda que, “desde que adentrou na ALMT, no ano de 1999, até o dia que deixou o mandato, sempre existiu o ‘mensalinho’ pago pela Mesa Diretora aos deputados, sendo considerado uma praxe do ‘sistema”.

Antes de assumir o governo Silval foi deputado estadual. Em 2003, ele foi eleito 1º secretário para compor a Mesa Diretora. A eleição, segundo o depoimento dele, foi realizada mediante pagamento de propina. Cada parlamentar teria recebido R$ 150 mil. Ao todo, foram gastos R$ 2 milhões.

Silval contou que ele e José Riva, à época deputado e eleito presidente da ALMT, se reuniram com o atual senador da Agricultura Blairo Maggi (PR), então governador de Mato Grosso, com o intuito de obter recursos para pagar a dívida assumida com os parlamentares.

Na reunião, segundo Silval, Maggi teria se recusado a realizar o pagamento em dinheiro, mas propôs que o dinheiro fosse repassado dentro do orçamento da ALMT, o qual estaria disposto a suplementar.

Por meio de assessoria, Maggi repudiou as afirmações de Silval e diz que não comandou ou organizou esquemas criminosos em Mato Grosso. Na nota, o ministro afirma que sempre respeitou o papel constitucional das instituições “e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobres os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional”.

Em março deste ano, o ex-deputado José Riva, também afirmou em depoimento à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, que Maggi realizava o pagamento de ‘mensalinho’ aos deputados através do duodécimo, valor mensalmente repassado ao Poderes pelo governo do estado.

Segundo Riva, ele e 33 deputados receberam o ‘mensalinho’ na gestão de Maggi. À época, o ministro disse que tem a consciência tranquila de que não fez nada de errado e que deve comprovar isso. O G1 tentou, mas não conseguiu contato com a defesa de Riva.

Por André Souza/G1 MT

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