Gaúcha do Norte, nova fronteira de progresso

José Elias Fernandes

O morar na divisa de Mato Grosso sempre me sugestiona conhecer algumas cidades desta nova fronteira humana que avança, a partir da Marcha para o Oeste, em direção à Amazônia.

Fugindo ao mais elevado calor do Brasil, que se abateu sobre Aragarças neste setembro, eu, Mara Nei, a sogra Dona Julia, a cunhada Lucinda e os colaboradores Luciana de Castro e Valdir Calácio embarcamos com nossa amiga Elenir (do Hotel Colombo) para uma temporada em sua Pousada, às margens do Culueno.

Os principais acampamentos da Expedição Roncador—Xingu, da Fundação Brasil Central, transformaram-se em portentosas cidades: Vale dos Sonhos, Nova Xavantina, Água Boa, Ribeirão Cascalheira etc. Muitas surgiram pela influência da agropecuária, nos entroncamentos estratégicos das rodovias, em terras de alta fertilidade. Em poucas décadas, Primavera, Sorriso, Sinopes e outras tornaram-se nacionalmente conhecidas, batendo recordes na produção de cereais e produtos como algodão, carne, leite, uva etc. Vários municípios seguem-lhes a vocação de progresso rápido, gerando fortunas aos pioneiros.

Como a fase da lua não recomendava pescaria, aproveitamos para conhecer Gaúcha do Norte, novo e extenso município, cuja sede fica no cruzamento das rodovias de Canarana para Sorriso com a de Paranatinga para Querência. As antigas pastagens transformam-se em grandes lavouras, que somem de vistas, nas terras planas e argilosas. As maiores empresas de máquinas e insumos agrícolas, ao lado de enormes armazéns secadores demonstram a prosperidade do agronegócio.

Um dos maiores jornalistas goianos, da minha geração, o Walder de Góes (meu colega na redação de O Popular) escreveu um livro-reportagem, por volta de 1970, mostrando que a conquista da Amazônia se efetivava através da pata do boi. Todavia nas regiões pioneiras de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, plantava-se antes o arroz, como meio de compensar o desmatamento, para depois formar as pastagens. As mesmas áreas, carentes de aguadas e já um tanto degradadas, retomam ultimamente a destinação agrícola, com plantio de lavouras mais sofisticadas, principalmente da soja, destinada à exportação.

Com vastos dezesseis mil quilômetros quadrados (embora boa parte de reserva indígena), Gaúcha do Norte conta com apenas dez mil habitantes e arrecada em torno de dois milhões, com menos de duzentos funcionários. Receita semelhante à de Aragarças, com o dobro da população e o triplo de servidores.

Percebe-se o progresso logo nos primeiros contatos: o simpático corretor Luiz Vitório de Deus, filho do primeiro prefeito, usa avião compartilhado para mostrar as fazendas que negocia.

José Elias Fernandes é jornalista, ex-deputado e prefeito de Aragarças.

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