“Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial…” Peço aqui uma licença ao grande Caetano Veloso para chamar todas as mulheres a pensarem comigo sobre o verdadeiro sentido do Dia Internacional da Mulher. Não há dúvidas de que gostamos de receber presentes, agrados, afagos não só neste, mas em todos os dias do ano. Mas é preciso que a data sirva como alerta de que há muito para conquistarmos, inclusive na área do empreendedorismo.
Somos 57% da população brasileira e isso não se reflete na mesma proporção quando falamos de cargos de chefia ou posições de comando de empresas. Nem mesmo conseguimos igualar nossos salários numa comparação com o dos homens, ainda que cumprindo as mesmas tarefas e com carga horária igual. É preciso dizer que avançamos nos últimos anos nessa questão, mas está bem longe do ideal.
O preconceito, ainda muito arraigado na cultura brasileira, faz com que sejamos vistas pelo que aparentamos, e não pelo que podemos fazer, pela nossa capacidade. Em pleno século 21 ainda encontramos obstáculos como o assédio e a ideia de que o fato de ter filhos é empecilho para um bom rendimento no trabalho. Não vejo assim. A luta das mulheres por igualdade já mostrou que elas são capazes de tudo.
A visão de que o lugar da mulher é muito mais dentro de casa do que no mercado de trabalho termina por impedir que avancemos, por exemplo, no empreendedorismo. O aumento do número de mulheres que têm a própria empresa vem aumentando, mas numa proporção pequena. O que acontece na maioria das vezes por méritos próprios, já que permanece muito forte dentro das famílias brasileiras a ideia de que o homem tem que ser preparado para o mercado e a mulher para cuidar da família.
A continuar nesse ritmo, de acordo com um estudo da Oxfam International, feito com base nos números do Fórum Econômico Mundial, serão necessários 217 anos para que em todo o mundo homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades de trabalho e renda.
É muito tempo. Não podemos demorar tanto. Não podemos esperar que os outros decidam que caminhos devemos tomar. É urgente que nos mobilizemos para mudar posições como a que ocupamos aqui em Mato Grosso. De acordo com dados do Ministério de Trabalho, o estado ocupa hoje o segundo pior lugar em participação feminina no mercado de trabalho, ganhando apenas do Distrito Federal.
Por estas e outras constatações é que considero este não apenas o “Dia Internacional da Mulher”, mas o “Dia da Consciência Feminina”. O lugar das mulheres é onde elas quiserem! Devemos respeitar a participação feminina na transformação da nossa realidade, afinal cooperar é se unir para fazer do mundo um lugar melhor para todos.
Aifa Naomi Uehara de Paula
Presidente do Sicoob
Central MT/MS
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