A descentralização representa um ganho muito grande para o programa e o fortalecimento do Redome no estado.
Sandra Carvalho | SES-MT
O cadastro de doadores de medula óssea, que hoje é feito apenas no MT Hemocentro, em Cuiabá, poderá ser feito também em hospitais do interior do Estado a partir do segundo semestre de 2018. O anúncio foi feito durante o fórum “Avanços e Desafios do Redome no Estado de Mato Grosso” promovido na manhã desta terça-feira (22.05) em parceria com a Assembleia Legislativa e o Registro Nacional de Medula Óssea (Redome).
O evento contou com a participação da diretora e do diretor clínico do MT Hemocentro, Silvana Salomão e Wolney Taques, respectivamente, do deputado estadual Ondanir Botolini, o Nininho, da coordenadora do Redome, Danielli Cristina Muniz, além de diversos profissionais de várias áreas da saúde, coordenadores de Unidades de Coleta e Transfusão (UCT) do interior, entre outros.
De acordo com a diretora do MT Hemocentro, Silvana Salomão, a descentralização representa um ganho muito grande para o programa e o fortalecimento do Redome no estado. “A partir do momento em que as coletas passarem a ser feitas em outras unidades de saúde de Mato Grosso vamos poder buscar diversidade genotípica da população mato-grossense, pessoas que são potenciais doadores de medula e que ainda não estão cadastradas”, explicou a diretora, observando que as distâncias geográficas representam hoje uma grande dificuldade para o doador.
Essa descentralização vai encurtar distâncias e garantir um alcance muito maior das informações sobre a doação de medula, ainda bastante estigmatizada apesar das campanhas de conscientização. E o fórum, segundo Silvana Salomão, é um dos instrumentos de propagação da programação de doação de medula realizado no mês de maio, por ocasião da Semana Estadual da Importância da Conscientização da Doação de Medula Óssea, instituída pela Lei 9.807/2012 e de autoria do deputado estadual Nininho.
O MT Hemocentro, informou a diretora, é protagonista no fórum porque é um serviço estadual que capta voluntários, divulga, colhe amostras, encaminha para exames de histopatologia, além de atender pacientes que aguardam uma compatibilidade genética de uma pessoa para outra.
“E nós somos parte de uma rede que envolve laboratórios especializados, centros de transplantes e temos a responsabilidade de garantir a qualidade das doações. Constituímos uma esquipe qualificada e apta para atender, cadastrar, esclarecer dúvidas das pessoas interessadas no assunto e em salvar vidas de muitos pacientes com determinadas doenças hematológicas, cuja única esperança é o transplante”, detalha.
O fórum contou com a participação da coordenadora do Redome, a médica Danielli Cristina Muniz, que fez um breve histórico sobre o serviço, chamando a atenção para a importância de se cadastrarem somente aquelas pessoas que têm interesse mesmo em doar caso seja paciente compatível. Danielli ainda destacou o papel dos hemocentros para o Redome e que o programa funciona com bastante eficiência e para atender mais pacientes depende da sensibilização da população. Já a enfermeira Juliana Cíntia da Silva, do MT Hemocentro, fez uma explanação sobre programa em Mato Grosso, e a psicóloga Juliana costa abordou o apoio necessário tanto para doadores, pacientes e familiares.
O deputado Nininho destacou a ampliação do serviço de cadastro de doadores de medula óssea no interior do Estado. Ele enalteceu o papel do MT Hemocentro, que já se transformou em referência nacional. “O órgão foi totalmente reestruturado, tem uma equipe competente e comprometida com a causa e agora ainda vai estender o serviço do Redome para hospitais do interior. Eu vejo tudo isto com muita satisfação e me alegro muito em poder contribuir com a lei de minha autoria que dedica uma semana de conscientização sobre a importância dos cidadãos se tornarem doadores de medula óssea”.
Nininho observou que a descentralização vai facilitar o acesso de pessoas de outras regiões a se tornarem doadores. “Temos aqui exemplo de pessoas que salvaram vidas. Por isso peço a todo cidadão mato-grossense que seja mais um doador e quem sabe venha a salvar vidas de alguém da sua família, da sua cidade, do seu Estado, país e também de outros países”.
O fórum “Avanços e Desafios do Redome no Estado de Mato Grosso” reuniu pessoas que já doaram medula óssea e também que já receberam a doação e hoje têm uma vida normal graças a um ato de amor ao próximo.
O engenheiro agrônomo Luiz Henrique Vargas conheceu o Redome quando doava sangue no MT Hemocentro. Ele e a esposa então decidiram medula óssea. Em 2015 o engenheiro recebeu uma ligação informando que havia um paciente compatível e não hesitou em viajar para Belo Horizonte onde foi feita a coleta do material. “É um dos fatos mais importantes que já passei. De repente descobre que tem chances de salvar uma vida, como se tivesse superpoderes. Agradeço a Deus pela oportunidade, que é fantástica, e convido a todos para doar também”.
Luiz Henrique fez questão de observar que o procedimento é tranquilo, que não é retirado nenhum material da coluna do doador e que não há risco de ficar paralítico, como muitos ainda pensam. “Hoje 100% da minha família é consciente de que doar medula não representa risco algum”.
Robson Trindade Siqueira, de 26 anos, comemora o sucesso do transplante. Ele descobriu que sofria de aplasia de medula óssea durante um curso militar, ainda aos 19 anos. Robson representa uma exceção. Em apenas 22 dias conseguiu uma doadora em Toledo, no Paraná. “Precisamos informar cada vez mais a população sobre a doação de medula. E que as dúvidas não seja um empecilho para as pessoas que pensam em se cadastrar”.
A servidora da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) Thaiza Kiromi Miyakwa Pinheiro Badini passou pelo procedimento de doação de medula em 2017. Mesmo com um bebê de 10 meses, seguiu para Porto Alegre onde foi feita a coleta de medula e plasma. O material foi doado para uma pessoa que mora nos Estados Unidos. Seu esposo, servidor da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Valter Badini Junior, foi o primeiro a se cadastrar no Redome e atuou como grande incentivador de Thaiza.
Presente no fórum, Dagliane dos Santos, avó de Maria Eduarda Santos Sandoval, criança de e anos que está internada em estado grave na Santa Casa da Misericórdia com Leucemia Linfoide Aguda (LLA), reforçou a campanha por doadores de sangue, plaquetas e medula óssea e destacou a dedicação do oncologista pediátrico, hematologista e diretor técnico do MT Hemocentro, Wolney Taques. Nós precisamos de mais doadores e de médicos como o dr. Wolney, comprometidos com a causa.
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