Oficina realizada pela SES/MT, em Barra do Garças, reuniu Ministério da Saúde, Governo do Estado, municípios, DSEI Xavante e lideranças indígenas.
Sandra Carvalho | SES/MT
A Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) reuniu gestores e técnicos da saúde das três esferas do governo e lideranças indígenas, em Barra do Garças, para discutir o alto índice de mortalidade infantil entre crianças indígenas da etnia Xavante na região do Araguaia. O encontro foi para avaliar o panorama atual e encaminhar propostas em busca da redução desses índices.
A 1ª Oficina Intersetorial e Interinstitucional das Regiões Garças Araguaia e Médio Araguaia: “Redução da Mortalidade Indígena na primeira Infância – Etnia Xavante” foi realizada nos dias 19 e 20 de junho, com o envolvimento das áreas técnicas de Saúde Indígena e Saúde da Criança, Atenção Especializada, Escola de Saúde Pública, Vigilância do Óbito (nível central) , dos Escritórios Regionais de Saúde (ERS) de Barra do Garças e Água Boa, municípios, do Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante (DSEI), Secretaria de Estado e Trabalho e Assistência Social, Superintendência de Ações Indígenas e da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.
Da SES/MT, atuaram diretamente na oficina Silvana Cardoso Gomes, da Saúde Indígena, Ademar Sales Macaúbas e Wandriany Longui, da Atenção à Saúde da Criança, Alexandre Perón, da Vigilância de Óbitos, todos do nível central, também Marcia Rauber e Margarete Castro, do Escritório Regional de Saúde de Barra do Garças e Assis Nerys, representando a Escola de Saúde Pública de Mato Grosso (ESP/MT).
A oficina possibilitou conhecer a realidade vivenciada pelo povo Xavante, dialogar quanto às alternativas que possam fortalecer a Rede de Atenção à Saúde e, consequentemente, reduzir a mortalidade indígena na primeira Infância. A segunda etapa do projeto, que deve acontecer em setembro deste ano, visa a elaboração de um Plano de Ação Estratégico, Instersetorial e Interinstitucional.
Sobre a ação
Significou um dos encaminhamentos oriundos de discussões realizadas ao longo do segundo semestre do ano de 2017 e 2018, com esses mesmos agentes, e que tiveram o propósito de discutir a mortalidade indígena na primeira infância, cujos dados epidemiológicos apontam que a etnia Xavante possui o maior índice de mortalidade em Mato Grosso, sendo esta também a maior população indígena do Estado.
Valmir Martins de Farias, coordenador do DSEI Xavante de Barra do Garças, destacou a importância da oficina e o trabalho integra em busca da redução dos índices de mortalidade infantil indígena. “Esta união de esforços é necessária, porque reduzir os índices passa por ações voltadas não só à saúde, mas a alimentação, estradas para acesso aos serviços, hospitais com estrutura para média e alta complexidade, entre outros”.
O coordenador ainda destacou outro fator que é a questão cultural da população indígena que não aceita retirar a criança da aldeia para tratamento ou a complementação alimentar. “A oficina foi um momento de discutirmos uma fórmula para resolver estes impasses e por isso o DSEI levou caciques, conselheiros e outras lideranças Xavante, comunidade que já vem abrindo mão dessa questão cultural para voltar os olhos à sobrevivência dessas crianças”.
Agnelo Temrité Wadzatsé, assessor do DSEI Xavante de Barra do Garças, vê com muita preocupação a grande incidência de mortes entre as crianças do seu povo. “Enquanto liderança, represento e luto pela nossa comunidade. E temos a sorte de contarmos com o apoio da coordenação do DSEI Xavante, que vê as nossas dificuldades e tem buscado estratégias para reverter essa questão da mortalidade infantil”.
A participação de mulheres Xavante na oficina foi um grande avanço também, na visão de Agnelo Wadatsé. “Antes, ninguém participava e hoje vemos uma gestão da saúde indígena compartilhada, participativa”, completou. Segundo ele, existem em torno de 21 mil Xavantes em Mato Grosso distribuídos em 305 aldeias.
Causas
Levantamento do setor da Vigilância de Óbito da SES/MT mostra que em 2017 ocorreram 23 os óbitos de crianças indígenas em Água Boa e 49 em Barra do Garças. Nesse mesmo período foram registrados 386 nascidos vivos em Água Boa e 291 em Barra do Garças, sendo que o índice de mortalidade por cada 1.000 nascidos vivos nesse ano foi de 59,6 em Água Boa e 168,4 em Barra do Garças.
As principais causas de mortalidade de crianças indígenas de Mato Grosso menores de 05 anos por grupos de causa, no período de 2012 a 2017, são doenças infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho respiratório, algumas afecções originadas no período perinatal e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.
Ao se identificar as 03 regiões de saúde de Mato Grosso que possuem o maior percentual de mortalidade de crianças indígenas menores de 05 anos no período de 2010 a 2017, apresenta-se os seguintes dados: Barra do Garças (47,44%), Água Boa (24,01%) e Rondonópolis (5,59%).
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