Operação Sangria investigou supostas fraudes em contratos de serviços médicos
THAIZA ASSUNÇÃO /MidiaNews
O grupo investigado pela Polícia Civil na Operação Sangria monopolizava os serviços da Saúde no Estado há 14 anos, por meio de influência política e econômica, oferecendo propinas, fraudando processos licitatórios e superfaturando contratos administrativos.
A informação consta na decisão do juiz Marcos Faleiros, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que expediu os mandados de prisão dos acusados na operação, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Delegacia Fazendária. O prejuízo ao erário ainda está sob análise.
Além do ex-secretário de Saúde de Cuiabá Huark Douglas Correia – apontado como líder do esquema -, também foram presos Luciano Correa Ribeiro, Fábio Liberali Weissheimer, Adriano Luiz Sousa, Kedna Iracema Fonteneli Servo, Celita Liberali e Fábio Alex Taques. A Polícia Civil ainda tenta encontrar Flávio Alexandre Taques da Silva para cumprir o último mandado em aberto.
De acordo com a decisão, os acusados ocupavam cargos estratégicos em secretarias municipais e estadual desde 2004, com a finalidade de direcionar licitações e superfaturamento dos contratos de prestações de serviços de saúde com órgãos públicos em clínicas hospitalares e UTIs para as empresas Qualycare, ProClin e Prolabore.
O esquema vem ocorrendo há anos e os suspeitos atualmente são responsáveis por agenciar, administrar e intermediar, de forma ilícita, os contratos com os entes públicos por meio de pagamento de propinas
“Do que se pode extrair das declarações das testemunhas ouvidas perante a autoridade policial, o esquema vem ocorrendo há anos e os suspeitos atualmente são responsáveis por agenciar, administrar e intermediar, de forma ilícita, os contratos com os entes públicos por meio de pagamento de propinas, integrando a organização criminosa, bem como havendo fortes suspeitas da prática de crimes de corrupção, fraudes e lavagem de dinheiro”, diz trecho da decisão.
O juiz citou o depoimento do ex-superintendente da Fundação de Saúde Comunitária de Sinop, Welligton Randal Arantes. Ele relatou que a ProClin foi responsável pelas UTIs adulta e pediátrica da unidade durante o período de intervenção, onde foi encontrado valores superiores ao que o Estado paga para quaisquer outras unidades.
“Destaca-se que Wellington informou que ao reassumir o Hospital encontrou a unidade sucateada e diversas irregularidades que foram levadas ao conhecimento do SUS que determinou apuração em Auditoria, sendo apontado o superfaturamento de cerca de R$ 2.600.000,00 (dois milhões e seiscentos mil reais) no contrato”, diz trecho da decisão.
O magistrado cita também o depoimento do ex-funcionário do grupo empresarial, Marco Aurélio Carvalho Cortes. Ele afirmou que para manter o contrato com os hospitais São Benedito e Hospital Metropolitano era pago a importância de R$ 20 mil de propina ao ex-secretário de Estado de Saúde Jorge Lafetá.
“Que Celita Liberrali e Adriano Sousa sempre sacavam o dinheiro da propina na conta da ProClin da Unicred ou Banco do Brasil. Os saques eram feitos na boca do caixa. O dinheiro era levado de volta para a Proclin e Jorge Lafeta ali chegava com uma mochila e levava o dinheiro”, diz trecho do depoimento.
Colapso
Marcos Faleiros afirmou que a organização criminosa gerou um colapso no sistema de Saúde de Mato Grosso e, por consequência, ocasionou um número considerável de mortes de cidadãos que necessitavam do pronto atendimento médico – e se submeterem ao sistema burocrático controlado pelo grupo que são beneficiados pelo monopólio dos serviços médicos e impediam o credenciamento de outros profissionais que não faziam parte da organização
“A prisão preventiva no presente caso é imprescindível para garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal (conforme demonstrado acima), para interromper ou diminuir a atuação de integrantes da organização criminosa que fazem parte de um pequeno grupo que está monopolizando o setor de atendimento de clinica médico e UTIS no Estado de Mato Grosso, escorrendo a torneira do erário, fomentando a corrupção sistematizada instalada nas instituições pública que prejudicam a coletividade e ocasionando o colapso na saúde pública, diante dos fatos públicos e notórios de que pacientes morreram à espera de vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em Cuiabá”, diz outro trecho.
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