O povo não quer esquerda, nem direita

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, em entrevista pelos 465 anos da cidade, disse de seus projetos para os dois anos de mandato que ainda lhe restam. Mais do que desafios e possibilidades, falou uma verdade que muitos políticos parecem não querer entender: o povo pouco se importa se o prefeito é de esquerda ou de direita. O importante é que ele trabalhe e efetivamente governe para todos. Prefeito tem de “prefeitar”, disse. E isso deve servir também para governadores de estados e presidente da República, os titulares dos dois degraus superiores da administração.

Direita e esquerda, embora tenham significado histórico e possam definir a tendência de governar de uns e outros, não querem dizer nada para o povo. Infelizmente, a política brasileira, perdeu décadas com os partidários de um e de outro lado se engalfinhando e, muitas vezes, tomando por lastro idéias carcomidas que já deram errado em outras partes do mundo, mas a cegueira ideológica não os deixa ver. Antes da ideologia, o governante tem de ser cônscio de que, em tendo se candidatado e vencido a eleição, seu dever é gerir o bem público dentro de normas administrativas e dos limites estabelecidos pela ética e moralidade. Não pode tratar a coisa pública como se fosse particular, não pode se locupletar com o dinheiro e os bens públicos, nem favorecer aos seus parentes, amigos ou correligionários. Ainda mais: ao assumir o governo, tem de agir como sucessor que é, levando até o fim as obras iniciadas pelo antecessor ou, se decidir interrompê-las, fazer com justificativas plausíveis, dentro de um processo transparente e com o menor dano possível.

Embora o governante tenha seu matiz ideológico, esse não deve estar à frente dos deveres inerentes à função pública. Quando acontece, os serviços vão mal e, na insistência, a crise é inevitável. O país está cheio de exemplos, sendo o mais recente dos governos de esquerda que nos conduziram à maior recessão de todos os tempos, além de ensejar a corrupção que está levando importantes figuras ao cárcere. Tivemos em outubro as eleições onde o povo se manifestou por mudanças. Os governantes tomaram posse no dia 1º e os parlamentares eleitos assumirão em fevereiro. É importante que todos tenham clareza da grande tarefa que o povo colocou sobre os seus ombros e não percam tempo com as estéreis discussões de cunho ideológico e mesmo partidário. O país tem pressa para retomar o caminho da normalidade e do desenvolvimento. É difícil os participantes admitirem, mas a luta ideológica de nada serve. Só atrasa. Nem esquerda, nem direita. Trabalho honesto e desenvolvimento é o que o eleitor espera dos seus representantes. O prefeito, o governador e o presidente têm de governar, e os parlamentares (senadores, deputados federais e estaduais e vereadores) legislar e fiscalizar…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br 

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