Dia Mundial do Coração: é preciso refletir sobre a prevenção e o tratamento de doenças do coração
As mulheres representam cerca de 3,4 milhões das 7,2 milhões de pessoas que perdem a vida em decorrência de problemas cardíacos todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Contudo, ainda hoje, têm a saúde do coração negligenciada pela ausência da prevenção e pela desigualdade no tratamento médico.
Segundo estudo da Circulation, revista de cardiologia clínica, o número de exames e prescrições referente aos cuidados com doenças cardiovasculares é muito menor para elas do que para homens. Em um contexto no qual a mulher é a figura central do núcleo familiar, tal descuido pode representar prejuízos para os filhos e entes queridos.
José Francisco Kerr, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), importante departamento científico da Associação Paulista de Medicina (APM), explica que a mulher tem um aumento de fatores de risco após a menopausa, visto que geralmente fica sedentária, ganha peso e desenvolve hábitos prejudiciais.
Entre as diversas mudanças das últimas décadas, o público feminino ocupou ainda mais o mercado de trabalho, acumulando as responsabilidades profissionais e familiares.
“A mãe chega do trabalho exausta e precisa preparar uma refeição para seus filhos. O que infelizmente torna-se comum é o consumo de alimentos processados e industrializados pela possibilidade de otimização do tempo. Assim, a dieta dela e dos filhos perde em teor nutritivo e ganha em teor calórico”, explica Kerr.
Associado à má alimentação, existem hábitos sedentários característicos do estilo de vida da sociedade atual. Tudo isso gera o ganho de peso dos membros da família, o que “traz graves consequências, como o aumento da pressão arterial, a necessidade de maior produção de insulina por parte do organismo, entre outros graves problemas”, enfatiza o cardiologista.
Assim, no Dia Mundial do Coração, destacado em 29 de setembro, é essencial que todas as luzes se voltem para a questão da prevenção e do cuidado cardiovascular da mulher, como também é imprescindível que o tema fique permanentemente em nossos radares.
A saúde da família começa com o bem-estar da mãe, tendo impactos diretos nas taxas de mortalidade decorrentes de infartos, derrames e outras patologias.
Atitudes como a redução da ingestão de alimentos gordurosos e com muito sal, cuidar do peso, evitar o consumo de álcool e tabaco, controlar a pressão arterial, evitar o estresse excessivo e realizar acompanhamento médico frequentemente ajudam a preservar a saúde do coração.
Kerr reforça chamando a atenção para a conscientização das mulheres: “Elas devem ter em mente que, a despeito da jornada dupla, não podem abrir mão do cuidado cardiovascular. A grande chave para que evitemos essa avalanche de doenças é a prevenção pelos hábitos saudáveis. Refletir sobre isso é um exercício de cidadania”.
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