Atribuir o dia 19 de dezembro como o dia da poesia em Mato Grosso, é memorável, pois nesta data comemora-se o aniversário de um dos maiores poetas brasileiros do século XX, Manoel de Barros, cuiabano nascido no bairro do Porto. “Venho de uma Cuiabá de garimpo e ruelas entortadas…”, diz o poeta em seu “Autorretrato falado”.
“Poesia é voar fora da asa”, nos conta o poeta, ao referir-se a quanto ela nos permite voar e sermos livres.
É extraordinário perceber como a poesia nos ajuda a voar, viajar, e até mesmo a refletir sobre tantos aspectos da vida. Ao trabalhar com meus alunos a literatura mato-grossense e seus respectivos autores, percebo o quanto eles ficam encantados. Nesse trabalho conheci autores que tem na alma a poesia. E são encantadores. Outro aspecto relevante é como a poesia transforma e faz e faz com que as pessoas possam ir muito além da imaginação. Apresentar a literatura e os autores mato-grossenses aos alunos, utilizando a sua produção como recurso didático e de formação, nos têm dado resultados extraordinários. O sentimento de pertencimento faz com que haja uma grande conexão e empatia por parte dos alunos, e percebo um “despertar de sensibilidades”.
Nesse contexto, o dia da poesia deve ser lembrado e trabalhado em todas os níveis escolares para que o aluno tenha contato com ela desde cedo e a incorpore, sem mesmo compreendê-la, a princípio. Outrossim, é necessário estimular a criança desde cedo a conhecer esse mundo encantador que começa na infância.
Considero que o dia da poesia deva ser lembrado e comemorado em todos os âmbitos, visto que por meio dela podemos voar sem asas.
E você, já leu uma poesia hoje?
Por Silbene Rapozeiras é professora de Literatura do Colégio Salesiano São Gonçalo
Autor: Breu
Basta de paroxetina e sertralina!
Traga-me caneta à mão,
Para que surjam as palavras sem disciplina!
A poesia é minha maior remediação,
Ainda que sua exigência seja dura e salina.
Neste espaço, o mundo a mim pertence!
Sol e Lua se tornam cada olho,
Estrelas viram minha lágrima circense,
E a língua, danosa quanto fuzil de ferrolho,
Amansa e se vê praia ao que pense.
A saliva? São os oceanos de agonias em meu entrefolho!
Ademais, escrever é pura psicologia!
A existência é ácida e sarcástica:
Despoja-me todo vigor, cria utopia
E traz melancolia nesta fala artística!
Descrevo o que vivo: ilusão e fantasia!
Ah,como és benigna, Metalinguística!
És nesta escritura minha maior primazia!
Nada sou, mas agora me faço imperador;
Muito acima de Júlio César ou Napoleão,
Pois domino o maior poder: o do trovador,
Que com lirismo conquista a multidão
E traz aos fidalgos devaneio encantador!
Viva a poesia e vivam a poesia,
Pois é mãe que alivia quem está em martírio
E é aos enfermos a mínima anestesia,
Antes que seus nomes parem em obituário
E seus espíritos fujam em macabra folia.
As palavras se amontoam em minha mente
Como uma reação Química
Sinto meu corpo diferente
Não consigo controlar
Se quiser ver frente a frente
Venha aqui e sente
Meus dedos doem
Há algo que os corroem
Frente a frente deságua
Aqueles que existiam antes se mim
Levantem suas asas e voem
Pois dentro de mim as palavras roem
Se amontoam como uma bagunça
Querem algo me dizer
Até que a mais forte vença
Não sabemos quem vai perder
Alguns dizem ser doença
Aquilo que eu insisto em ter
Mas digo: “é esperança”
Pra mim, para ele, você.
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