Num grande jardim numa grande mansão de um homem muito rico haviam vários tipos de flores, orquídeas, rosas, lírios, margaridas etc. e também haviam vários pês de ipês brancos que lardeavam o caminho do majestoso portão da entrada até a porta da mansão.
Em meio aos velhos ipês brancos plantados pelo homem rico, havia um jovem ipê que se preparava para sua primeira florada.
No outro lado da rua, na calçada de uma outra mansão existia um imponente e grandioso ipê amarelo que na sua florada ofuscava todas as demais árvores da região pela beleza de suas flores e de sua cor maravilhosa.
O jovem pezinho de ipê branco ao observar aquele ipê amarelo ficava fascinado, foi então que decidiu também ser amarelo e não mais branco como seus irmãos daquele jardim.
– Você não pode simplesmente querer mudar a cor de suas flores ao bel prazer! Se nasceu ipê branco, tem que ser um ipê branco! – Diziam os velhos bronqueados com as ideias do pequeno ipêzinho.
– Mas se eu for amarelo esse jardim ficará ainda mais bonito! Imaginem só como chamaria a atenção de todo mundo um belo ipê amarelo como o sol em meio aos ipês branquinhos como nuvens! – Se animava o sonhador.
Porém, os velhos ipês não estavam para brincadeiras e advertiam seriamente o pequeno a parar com aquela absurda história de ser amarelo e se contentar com sua sina em ser um ipê branco, nada mais.
A florada estava se aproximando e a ansiedade entre as árvores era muito grande, sabiam que o dono da mansão ficaria horas sentado na área admirando aquelas árvores. Todas queriam impressiona-lo com muitas flores branquinhas.
Mas o ipêzinho não desistia de ser amarelo e tinha certeza que na florada iria realizar seu sonho.
E então finalmente a cada dia os ipês iam abrindo suas flores branquinhas, a entrada da mansão parecia uma enorme cauda de um vestido de noiva.
Contudo, no meio daquelas flores brancas, aconteceu algo inexplicável e o pequeno ipê floriu flores amarelas e vistosas.
Extremamente contente com sua façanha, o jovem gabava-se de sua beleza amarela e de seu destaque em meio aos irmãos que perto dele perdiam a graça por serem simplesmente brancos.
Tragicamente, naquela mesma tarde o dono da mansão pegou uma motosserra e cortou o pezinho de ipê.
Perguntado o porquê fez aquilo com um belo ipê amarelo, ele respondeu:
– Só gosto de Ipê Branco!
Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.
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