Projeto do Ministério da Saúde começou a ser executado em agosto de 2019
Fernanda Nazário | SES-MT
Em seis meses, Mato Grosso já elaborou 18 dos 20 planos municipais de enfrentamento à hanseníase propostos pelo Projeto Apoiador, do Ministério da Saúde.
Lançado em agosto de 2019, o projeto do Governo Federal tem duração de 12 meses e contempla, além de Mato Grosso, os estados de Goiás, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.
Os municípios mato-grossenses selecionados para participar do projeto foram definidos considerando a participação deles na oficina macrorregional realizada pelo Ministério, em julho de 2019 em Goiânia-GO.
Até o momento, concluíram o plano os municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Cáceres, Água Boa, Canarana, Querência, Colíder, Barra do Garças, Nova Xavantina, Sinop, Sorriso, Nova Ubiratã, Santa Carmem, Comodoro, Juína, Tangará da Serra e Alta Floresta. Estão em processo de finalização do documento as cidades de Alto Taquari e Santo Antônio do Leverger.
Em Mato Grosso, a atividade é realizada pela enfermeira sanitarista de Pernambuco, Raissa Alencar, enviada pelo Ministério da Saúde para desenvolver a ação juntamente com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).
“Este tem sido um trabalho importante porque, a partir do momento que se cria um plano de enfretamento à doença, a gente consegue estabelecer prioridades focadas em hanseníase, consegue também ter um processo de trabalho mais direcionado, otimizar recursos humanos e materiais por meio da organização do fluxo, que começa na rede atenção básica e pode ir até a rede especializada municipal e estadual“, avalia Raissa.
“Cada município elaborou o plano de acordo com a sua realidade e de maneira alinhada à estratégia nacional e ao Plano Estadual Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase”, explica Raissa. Exa explica que após a criação das estratégias, o Estado e o apoiador irão acompanhar os municípios para a exceução das ações propostas, com metas anuais durante os quatro anos de vigência do plano.
Para o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, a ação mostra que Mato Grosso faz um grande esforço junto à atenção primária para alcançar as metas deliberadas nacionalmente. “Os objetivos vão ser atingidos por meio de um trabalho conjunto e efetivo de qualificação das equipes de saúde que atuam na ponta, no enfrentamento à doença”, avalia.
Para o secretário adjunto Atenção em Vigilância em Saúde da SES, Juliano Melo, o projeto contribui no alcance das metas do Plano Estadual, que prevê implementação dos planos municipais, diagnóstico precoce, avaliação de contatos, capacitações, entre outras atividades. “O estado vai finalizar esse primeiro semestre com 100% dos municípios previstos no projeto com plano de enfrentamento implementado e com ações já em execução”, acredita.
Ações desenvolvidas
De agosto de 2019 a fevereiro de 2020, Raissa e a equipe técnica das superintendências de Vigilância Epidemiológica e de Atenção à Saúde da SES visitaram 26 municípios para prestar assessoramento técnico na elaboração das estratégias municipais e construção do instrumento de monitoramento dos planos. Entre os municípios visitados e apoiados pelo projeto, foram avaliados 128 pacientes com grau de incapacidade física e diagnosticados 62 casos de recidiva em 2019. A apoiadora participou de 33 reuniões nesse período, em diversas áreas que envolvem a vigilância e atenção básica da hanseníase.
Além dos municípios apoiados pelo projeto, Raissa conta que, quando souberam da iniciativa, outros apresentaram interesse em criarem seus próprios planos. Esse interesse resultou em outros oito municípios com planos de enfrentamento à hanseníase em elaboração, além de cinco concluídos.
“Estou muito satisfeita, já sinalizei isso ao Ministério, em ver esse empenho do estado. Precisamos só reforçar cada vez mais: trabalhar com hanseníase é incansável mesmo, não podemos parar. Esse primeiro semestre haverá muitos eventos e capacitações para os municípios, vamos ter um ano de 2020 muito proveitoso e de bons resultados”, prevê.
Cenário mato-grossense
Mato Grosso é considerado o estado mais endêmico do país por ter diagnosticado, em 2018, cerca de 4.700 pessoas com hanseníase – o que, segundo a apoiadora, não é uma situação ruim porque mostra que os profissionais estão se esforçando para identificar o doente. No entanto, ela pontua que um dos maiores desafios do Estado é ajustar o processo de condução do tratamento e cura da doença.
“Hoje diagnosticamos dentro do esperado, mas precisamos também implementar ações de vigilância da hanseníase de maneira que a gente consiga assegurar o tratamento e adesão do paciente até a cura, além de realizar o exame e a vigilância dos contatos para que consigamos detectar casos novos. Esses são os desafios, mas existe interesse tanto do estado como dos municípios em trabalhar”, ressalta.
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