Deveriam os governos e órgãos encarregados da proteção da população convocar (ou convidar) as igrejas a também colocarem suas estruturas sociais a serviço da causa. Considerando-se que os próprios membros ou simpatizantes também são os alvos das campanhas e ações, essa seria uma forma de as instituições religiosas participarem da solução do problema. Algo maior do que um trabalho de utilidade pública porque, ao mesmo tempo, socorrerão seus próprios fieis e, em consequência, farão um trabalho pela estabilidade e salubridade social. Além de trabalhar seu próprio público, as igrejas poderão colocar sua estrutura de comunicação (inclusive suas redes sociais e programas de televisão) a serviço da divulgação de medidas profiláticas e educativas e, principalmente, ceder espaço de seus templos ou instalações anexas para a montagem de hospitais de emergência, se chegarmos ao nível que isso seja necessário. Será uma grande obra, se a igreja puder testar os seus fiéis e, em caso positivo, isolá-los nas próprias instalações, evitando que possam contaminar seus familiares e facilitando sua recuperação porque, em vez do hospital, estarão no ambiente que já conhecem a ao lado de gente de sua afinidade tanto pessoal quanto religiosa.
É bom lembrar que, fora as atividades de cunho religioso e social, a igreja, vista do ponto de vista genérico, constitui a maior rede institucional do país e sua capilaridade se estende a todos os 5570 municípios brasileiros. É difícil saber quantos templos existem, pois muitos nem registrados são, mas o IBGE, no Censo de 2010 – o último realizado – registra haverem na época apenas 15 milhões de brasileiros que se declaravam sem religião ou ateus, o que representa menos de 10% da população apurada, de 196,8 milhões. Um contingente que, apesar da sua heterogeneidade, reúne mais de 90% da população, não deve ser deixado de lado num momento difícil como o que hoje se apresenta…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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