BARRA DO GARÇAS- A Crônica do desastre anunciado

Longe de nós a ideia de que estamos esquecendo as necessidades de sobrevivência do povo barra-garcense. Também sabemos, com precisão, que nossa cidade, como que ungida pelo Altíssimo, tem sofrido poucos casos da pandemia que assola o mundo e foram mínimas as perdas locais de vidas.

Observe-se, porém, que além da proteção divina, fomos muito eficientes no processo de isolamento social e, por sermos uma comunidade relativamente pequena, pudemos prescindir dos transportes públicos, grandes colaboradores da contaminação geral. Nosso povo estava e continua acostumado a circular a pé ou de bicicleta, quiçá de cavalo.

O fechamento de nosso comércio provocou um efeito, que se repetiu em muitas outras cidades-polo do país, de evitar o afluxo de moradores de outras comunidades ou cidades, quase impedindo que o vírus adentrasse nossos limites.

A pandemia não acabou no Brasil. Longe disso. A curva de crescimento continua subindo e, em poucos lugares achatou ou decaiu. O nosso inimigo invisível continua circulando e seu meio de transporte é o povo nas ruas. Abrir o comércio é atrair, não só nosso povo local, mas também as hordas de vizinhos que só aguardam a ordem de largada para invadir nossas ruas, nosso comércio, nossas casas e nos deixar um presente indesejado que nos trará grandes dissabores.

Compreendemos perfeitamente que está ficando insustentável a sobrevivência dos que dispunham de pouco ou nenhuma reserva, porém é nessa hora que a nossa organização social e política tem de agir para suprir as necessidades dos desvalidos, com recursos públicos locais, com recursos doados pelos de maior capacidade financeira e, até com os recursos públicos de outras instâncias, através de medidas judiciais que obriguem estado e união a colocar nos cofres municipais os recursos necessários.

Ainda não é hora de abrir a guarda. Temos mais do que provas de que a abertura precoce cobra com vidas a audácia e logo estaremos chorando nossos avós, pais, filhos, netos e bisnetos.

A necessidade material momentânea é superável e rapidamente esquecida. A perda de vidas humanas é inesquecível, irreversível e pesará na consciência daqueles que se mostrarem insensíveis ou cegos com a realidade que bate às suas portas.

(Da Redação)

Seja o primeiro a comentar sobre "BARRA DO GARÇAS- A Crônica do desastre anunciado"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*