O encarceramento provocado pela pandemia de coronavírus tem me proporcionado a oportunidade de assistir matutinamente o denominado GRANDE DEBATE, na CNN, onde os dois excelentes debatedores, conceituados advogados, discutem de forma inteligente e didática, sob a ótica do Direito, os fatos mais importantes do dia anterior no Brasil.
O acesso diário às informações resultantes das opiniões dos dois debatedores tem me obrigado a conceituar o período atual e me posicionar perante a divisão que se aprofunda no país. Desde que me afastei da lide diária no jornalismo, há mais de dez anos, também reduzi bastante o meu acesso às notícias diárias, quase me resumindo às manchetes das matérias.
A oportunidade de extravasar minhas opiniões n’A Gazeta do Vale do Araguaia obrigou-me a ampliar minha atenção ao âmago das notícias e, em face de grande disponibilidade de tempo, às matérias de opinião disponíveis na internet e nos jornais diários dos canais televisivos.
Em assim sendo, estou preocupado com a atitude diversionista do primeiro escalão do grupo de Jair Bolsonaro, que vem malhando diariamente na afirmação de que são democratas e avessos a golpes ou posicionamentos antidemocráticos. Minha idade avançada me permite afirmar que quando se torna necessária a reafirmação diária de uma convicção, essa, provavelmente, não é a verdadeira versão e sim a mais conveniente.
Temos a certeza de que não vimos até agora avanços mais contundentes em direção a um golpe de estado, com a tomada do poder pela direita radical com o apoio das alas mais conservadoras das Forças Armadas, simplesmente porque o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu encontrar a fórmula de se fazer aceito na comunidade internacional como cabeça do movimento e, com isso, evitar os inevitáveis boicotes que de lá advirão, levando o país ao caos econômico e social e sem ter a quem recorrer.
Acredito que o Brasil reagiria contra a comunidade internacional e criaria um sentimento de nacionalismo ampliando o apoio popular ao presidente, consolidado sua liderança e provocando uma guerra civil com os grupos contrários ao golpe e apoiados pela comunidade estrangeira. Os resultados, sem muitas análises, seriam desastrosos e nos colocariam par-e-passo com a Venezuela, perdendo rapidamente o pouco que conseguimos poupar social, econômico e culturalmente, cujo resgate não viverei para conferir.
Themístocles de Azeredo – é um brasileiro aposentado
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