Certo ou errado, interesseiro, politiqueiro ou, até, corrupto, o combate à Covid 19 ocorre em todo o território nacional. Mesmo assim, não se conseguiu evitar a infecção de quase 2 milhões e a morte de 74,2 mil brasileiros. Ainda não temos certeza de por quanto tempo teremos de usar máscara, evitar aglomerações e adotar medidas profiláticas. Só será resolvido quando tivermos a vacina, mas apesar dos esforços, esse prazo ainda é incerto. A Aids, por exemplo, que há quatro décadas se alastrou pelo mundo em epidemia, ainda não tem vacina, mesmo com todo o desenvolvimento no seu controle. Só o tempo dirá quem esteve certo e apontar os que erraram nessa muvuca em que foi transformado o enfrentamento da atual pandemia. No entanto, pior teria sido a falta de ação. Certo ou errado, os governantes e autoridades sanitárias agiram por orientação de organismos internacionais e, como é sabido, nem estes sabem com segurança as providências mais adequadas. Mas os efeitos econômicos dessa empreitada já são vistos até a olho nu.
Proliferam nas cidades as placas de “aluga-se”. Os donos dos imóveis de negócios que não resistiram à quarentena decretada por governadores e prefeitos correm às imobiliárias em busca de novos inquilinos. Mas poucos têm a disposição de investir ou abrir um negócio sem a garantia de, pelo menos, poder funcionar em todos os dias úteis. Muitos bares, restaurantes, lojas, academias, escolas particulares impedidos de trabalhar já fecharam Outros cujos donos insistem em manter a atividade há a incerteza quanto a poderem saldar seus compromissos. A miséria que as quarentenas, isolamentos e lockdowns impuseram de imediato aos ambulantes e biscateiros (que sem trabalhar todos os dias não têm o que comer) está chegando à classe média. Pequenos, médios e ate grandes negócios estão indo à ruína e não há o que fazer. E para estes o auxilio emergencial de R$ 600 não resolve.
Independente do rumo que vai tomar o combate ao coronavírus e até do número de vítimas que a pandemia ainda produzirá, é chegada a hora de cuidar das sequelas econômicas. O presidente da República, governadores, prefeitos e todas as forças da sociedade precisam se mobilizar para evitar que quem se salve da doença venha a morrer de fome ou qualquer outra consequência da falta de produção e renda. Há que se encontrar formatos seguros – ou menos perigosos – de se voltar à atividade antes que os desesperados comecem os saques e outras ações antissociais resultantes da barriga vazia. O governo não poderá continuar liberando indefinidamente os auxílios emergenciais. Temos de encontrar meios e protocolos que reativem a economia e permitam que todos voltem a viver com o resultado do investimento de suas economias e da própria força de trabalho. Sem isso o que se pode esperar é o alargamento da escassez e a queda da arrecadação de tributos que, se ocorrer de forma continuada, colocara o erário em desequilíbrio, poderá colapsar os serviços públicos e privados e até inviabilizar o pagamento do funcionalismo e dos empregados em geral, coisa já ocorreu em alguns estados, municípios e na iniciativa privada, em recentes crises financeiras.
É hora de agir com cautela e equilíbrio. Guardadas as proporções, a administração pública tem de ser tratada da mesma forma que o corpo humano. Todos os órgãos precisam ser mantidos em funcionamento porque, sem isso, o paciente morre….
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
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