O grupo estava em visível estado de embriaguez e pedia mudança na direção da Casa de Saúde Indígena (Casai), no local haviam 28 pacientes internados com Covid-19, pelo menos oito retornaram para suas aldeias sem concluir o tratamento, colocando em risco a saúde de outros parentes.
Antônio Borges Neto/Netão
Noticia dos Municípios
Pelo menos dez índios Xavante da aldeia São Paulo, no município de Campinápolis-MT, alguns pintados de guerra fecharam a entrada principal da casa de apoio a saúde indígena(Casai) enquanto outros invadiram a ala de isolamento e “deram alta” a vários pacientes que estavam internados infectados como covid-19.
A ação dos índios ocorreu no inicio da manhã de segunda-feira (13) enquanto era trocado o turno da equipe de saúde que trabalham no local e durou ate por volta das 15.30 horas.
Segundo informações exclusivas repassadas a reportagem do Noticia dos Municípios, no momento que os xavantes invadiram o recinto apenas uma técnica em enfermagem que teria chegado mais cedo para trabalhar eles deixaram permanecer dentro da unidade de saúde, os outros funcionários que chegavam para trabalhar eram impedidos de entrar no recinto.
De acordo informações pelo menos 28 indígenas estavam internados na casa de apoio a saúde indígena (Casai) todos contaminados com coronavírus, com a invasão oito deixaram o local e retornaram para suas aldeias mesmo contaminadas e sem concluir o tratamento.
Um áudio enviado por uma servidora a outra pessoa no momento da invasão vazou e esta circulando nas redes sociais da região, no áudio a servidora demonstrava nervosismo e preocupação ao explicar detalhes do ocorrido.
A expectativa que paira sobre os ares da cidade é que esse grupo poderá infectar toda a aldeia e transforma-la em caos social em meio aquela comunidade.
A versão usada pelo grupo de indígenas que defendem a mudança na administração local da Casai que invadiu a unidade de saúde seria de que seus parentes não são animais para ficar em isolamento, de acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o isolamento de qualquer pessoa com covid-19 se faz necessário, seja ele indígena ou não, para que o vírus não se espalhe as demais pessoas.
Já o grupo ligado à gestão da Casai disse que o motivo da revolta do outro grupo prende-se ao fato das esposas de alguns deles terem sido afastadas do trabalho pela empresa terceirizada de nome Congem, pelo fato de possuírem baixa imunidade, sendo passíveis de contrair o Covid-19 com mais facilidade.
Entre as afastadas estão Fabiola Retsiwatsinhu que trabalhava no serviço de limpeza e Clemência Xavante Wautomazarero, que era ajudante de cozinha na própria Casai.
Outras informações reitera que o afastamento das servidoras indígenas ocorreu com objetivo de resguardar a própria saúde delas. Nossa reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelas empresa terceirizada.
De acordo apuramos, existe a suspeitas de que o mesmo grupo esta preparando outro fechamento da Casai, e que dessa vez somente irão deixar o local após “negociar” pessoalmente com o coordenadora do Casai, Lino Tsre Ubudzi e com o presidente em exercício do Condisi.
No momento da invasão os revoltados foram atendidos por um indígena de nome Jonatas Xavante, que é funcionário da Casai e presta serviço no controle de alimentação do órgão.
Nossa reportagem apurou também que na próxima segunda-feira (20) estará em Campinápolis um representante da Secretaria nacional de saúde indígena de Brasília, de nome Dr. Robson para se inteirar de perto da situação.
O OUTRO LADO
Nossa reportagem entrou em contado com o chefe da Casai em Campinápolis, ao atender a nossa ligação via aplicativo whatsapp Lino Tsere Ubudzi Moritu, que disse estava em sua aldeia em quarentena após contrair o coronavírus, mas confirmou a invasão na Casai, ele disse que ao chegar ao local encontrou alguns indígenas bêbados promovendo aglomeração e os classificou de “grupinho”, mas que conseguiu contornar a situação e acalmar os ânimos evitando atrito maior.
Lino destacou ainda que ele próprio já havia pedido sua demissão da chefia da Casa de Saúde Indígena, mas que houve entendimento por parte das lideranças indígenas para ele permanecesse no cargo pelo fato de ser o representante legal da comunidade junto ao órgão governamental.
Segundo o chefe da Casai referente aos indígenas contaminados com Covid-19 que voltaram para suas aldeias e pararam o tratamento, caso algum deles venham a óbito, ele próprio como agente do governo irá representar judicialmente aqueles parentes que realizaram a “algazarra” inclusive por desobediência às determinações impostas pelo governo, que segundo diz, para o próprio bem dos indígenas.
Por fim ele esclareceu ainda que existem recomendações por parte do Ministério Público Federal (MPF), Distrito Sanitário Indígena (Dsei-Xavante) e do Ministério da Saúde (MS), através da Secretaria Especial de saúde indígena determinando o distanciamento social e isolamento sanitário de índios contaminados com o Covid-19.
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