Frederico Lohmann
O primeiro conselho que um prefeito recém-eleito recebe é de que tem que garantir o apoio incondicional de mais de um terço dos vereadores, pois só assim garantirá alcançar o fim do mandato.
O mesmo conselho cabe ao presidente recém-eleito, quanto a garantia de um bloco de deputados que evite a aprovação de um impeachment contra ele, a qualquer tempo.
Quando eleito, Jair Bolsonaro deve ter sido alertado por seus apoiadores e não deu atenção, calcado nos 57 milhões de votos que o colocaram no Planalto. Desde o início de seu mandato o atual presidente achou que conseguiria governar sem o apoio daquela corja que vive às custas de chantagear o presidente, trocando apoio político no Congresso por favores e verbas que são diretamente direcionados para os seus bolsos.
Ledo engano. Malhou em ferro frio por mais de um ano e quase nada conseguiu do Parlamento, por falta de negociatas, conchavos e apoio do famigerado Centrão, a besta fera papadora de presidentes.
Hoje, convencido de que não adiantam boas intenções, bons projetos, boas ideias, apoio popular e milhões de votos para governar, decidiu abaixar as calças e ceder às exigências do famigerado grupo.
A decisão, do ponto de vista da prática da política brasileira, é sábia e pode manter Bolsonaro à frente do Poder central até o fim do mandato.
Como ficam, porém, aqueles que o apoiaram acreditando nas promessas de lutar contra a corrupção; viver completamente afastado do Centrão; não fazer acordos espúrios para garantir governança; não preencher cargos públicos por imposição política e buscar o desenvolvimento do Brasil à custa de trabalho, honestidade e retidão.
É claro que não ficarão. E merecem não ficar. Todos aqueles que acreditam em promessas de políticos não devem se olhar no espelho, pois, se o fizerem, verão o bobo da corte que investiu suas crenças no voto que elegeu mais um destrambelhado e agora só podem lamentar a falta de visão e a inocência política.
Frederico Lohmann é arquiteto e consultor
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