OCUPAÇÃO ONEROSA

Frederico Lohmann

Barra do Garças precisa de um sério projeto de revisão da ocupação urbana do distrito sede, pois a ocupação não controlada até hoje observada está causando um aumento de custo sensível para administração municipal e inviabilizando novos investimentos de expansão da infraestrutura urbana.

A cidade se desenvolveu naturalmente ao longo da BR-070 e limitada pela serra Azul e o rio Garças em direção à Cuiabá e pela mesma serra e o rio Araguaia no outro sentido. Com isso a malha urbana tomou uma forma linear e tem o defeito de gerar grandes distâncias entre os bairros e o centro da cidade e demandar transporte urbano inviável pelo baixo número de usuários.

A implantação do bairro Nova Barra e seus apêndices, na época criando um vazio urbano entre o novo loteamento e a malha urbana existente, demorou dez anos para que sua ocupação fosse percebida como problemática, em face da insuficiência de infraestrutura urbana como vias pavimentadas, passeios públicos, iluminação pública, rede distribuidora de água, estação e rede de captação de esgotos, escolas, creches, postos de saúde e comércio varejista e semi-atacadista de porte. O mesmo está acontecendo com a ocupação em direção a Araguaiana, onde loteamentos sem infraestrutura implantada são crônicas do desastre anunciado em médio prazo.

Essa expansão linear precisa ser contida, limitando-se ou proibindo-se a abertura de novos loteamentos ou condomínios residenciais para além da ocupação existente e desenvolver um programa de incentivo de ocupação das áreas não ocupadas, adensamento populacional das já ocupadas e reciclagem das áreas degradadas ou em degradação.

Áreas como o BNH e os conjuntos em direção às Águas Quentes precisam ser objeto de um ambicioso projeto de reciclagem, pois já mostram claramente alto grau de deterioração dos imóveis, construídos com materiais não muito nobres por serem projetos de habitação popular.

O mesmo acontece com as áreas em torno do estádio municipal e em direção ao Cristo, que já apresentam sensível deterioração e desvalorização urbana.

Essa proposta se apresenta como a única forma de melhorar a utilização da infraestrutura, racionalizando o comprimento das redes de abastecimento e coleta, a ocupação dos prédios escolares e de saúde pública e reduzindo o custo de deslocamento dos moradores, por prescindirem de transporte público ou privado.

A maioria das cidades brasileiras são a prova da incapacidade do poder público de planejar o uso e a ocupação da área urbana, provocando a inviabilidade econômica da infraestrutura acompanhar o crescimento da população com a abertura de novos bairros de periferia e baixa ocupação e densidade das áreas já implantadas. Quanto mais compactos os agrupamentos urbanos, menor será o custo com pavimentação e drenagem, transporte público, prédios públicos e manutenção urbana.

Frederico Lohmann
é arquiteto e consultor

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