Dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (21/10) servirão de base para ampliação de iniciativas na Atenção Primária à Saúde
O segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, trouxe dados sobre desnutrição, sobrepeso e obesidade na população acima de 15 anos de idade. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (21/10), servirá de base para ampliação das ações para prevenção e controle da obesidade na Atenção Primária à Saúde e otimização dos recursos no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde irá disponibilizar, ainda neste ano, em caráter excepcional e temporário, incentivo financeiro federal para atenção às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), incluindo obesidade. Serão recursos para qualificação das ações de promoção de alimentação saudável e da atividade física.
“Inquéritos como a PNS são as melhores fontes de evidências disponíveis, tendo em vista sua abrangência e a robustez dos dados por eles gerados. Com base nessas informações, é possível o Ministério da Saúde traçar estratégias, políticas e programas que estejam de acordo com o cenário epidemiológico da população brasileira”, ressalta o diretor substituto do Departamento de Saúde da Família do Ministério da Saúde, Alexandre Fortes.
Para levantamento dos dados, o cálculo feito pela pesquisa é baseado no Índice de Massa Corporal (IMC), feito a partir relação entre peso e altura (IMC = peso/ (altura x altura)). Acima de 25kg/m² há excesso de peso e acima de 30 kg/m², obesidade.
“Nós já vínhamos acompanhando a evolução dos indicadores de sobrepeso e da obesidade, mas agora com esses dados novos temos uma informação real, mensurada, que reforça a necessidade de compromisso do Ministério da Saúde e da sociedade para enfrentamento de um dos principais fatores para doenças de risco, como diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras”, disse Eduardo Macário, diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Entre 2003 e 2019, os resultados de duas pesquisas do IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – mostraram que a proporção de obesos na população com 20 anos ou mais de idade no Brasil passou de 12,2% para 26,8%. Nesse período, a prevalência da obesidade entre mulheres aumentou de 14,5% para 30,2% e entre os homens, de 9,6% para 22,8%.
Já a proporção de pessoas com excesso de peso na população com 20 anos ou mais de idade no país passou de 43,3% para 61,7%, nos mesmos 17 anos.
O Ministério da Saúde também prepara o lançamento de iniciativas voltadas à qualificação dos profissionais de saúde, tais como o “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de sobrepeso e obesidade” e a publicação do “Instrutivo de Cuidado da Obesidade em Crianças e Adolescentes”, com o objetivo de apoiar a formação de profissionais nos cuidados e particularidades da atenção às crianças e adolescentes com obesidade.
EXCESSO DE PESO
De acordo com a PNS 2019, 60,3% da população adulta apresenta excesso de peso, o que representa cerca de 96 milhões de pessoas – 62,6% em mulheres e 57,5% em homens.
Entre adolescentes com idades entre 15 e 17 anos, o excesso de peso foi constatado em 19,4% (1,8 milhão de pessoas), sendo mais elevado em adolescentes do sexo feminino (22,9%) em relação aos do sexo masculino (16,0%).
OBESIDADE
A obesidade foi observada em 21,8% dos homens e em 29,5% das mulheres com 18 anos ou mais de idade. O indicador foi mais elevado no sexo feminino, chegando a 38,0% das mulheres com idade de 40 a 59 anos, em comparação com 30,0% dos homens no mesmo grupo de idade. Para adolescentes com idades entre 15 e 17 anos, o dado ficou em 6,7%, com cerca de 8,0% para o sexo feminino, e 5,4 % no sexo masculino.
DESNUTRIÇÃO
O déficit de peso em adultos com 18 ou mais anos de idade foi de 1,6%, (1,7% para homens e 1,5% para mulheres), ficando, portanto, bem abaixo do limite de 5% esperado na população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), prevalências de déficit de peso iguais ou superiores a 5% são indicativas de exposição da população adulta à desnutrição.
Em quase todos os grupos de idade, o déficit de peso dos homens é mais elevado. A exceção são os idosos (60 anos ou mais): nesse grupo, a prevalência das mulheres é maior (2,9%) que a dos homens (2,2%), de acordo com a PNS 2019.
AÇÕES E HÁBITOS SAUDÁVEIS
Com o objetivo de qualificar a atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde tem investido em diferentes ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento, incluindo programas, diretrizes, materiais e publicações nas temáticas de promoção da alimentação adequada e saudável e obesidade, além de apoiar projetos de pesquisa, extensão e formação de diferentes categorias profissionais.
Entre outras iniciativas, a pasta também investe em programas para auxiliar as comunidades nas orientações sobre alimentação saudável nas escolas, como:
- Programa Crescer Saudável: conjunto de ações articuladas entre saúde e educação para fortalecer e garantir o adequado acompanhamento do crescimento e desenvolvimento na infância, com vistas a prevenir, controlar e tratar a obesidade infantil. Participam da iniciativa 4.118 municípios com alcance de 10,5 milhões de escolares menores de 10 anos participantes PSE e repasse de R$ 32,5 milhões;
- Programa Saúde na Escola: desde 2017, a iniciativa faz o acompanhamento da saúde dos estudantes rede pública de ensino de educação básica. Está presente em 5.289 municípios (95% do território nacional), atingindo 22 milhões de estudantes em 91 mil escolas. O investimento financeiro, em 2019, foi de mais de R$ 89 milhões.
A alimentação tem papel fundamental no processo de melhora dos indicadores. O Ministério da Saúde vem ampliando a divulgação do Guia Alimentar para a População Brasileira e do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos – documentos que permitem aos cidadãos se informar, de maneira simples e descomplicada, sobre recomendações de hábitos saudáveis.
Marina Pagno
Ministério da Saúde
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