ERRAREMOS MAIS UMA VEZ?

Frederico Lohmann

Estamos nos aproximando das eleições, desta vez municipais. O período compreendido entre os dois turnos tem se mostrado como dos mais críticos, pois deveria ser a oportunidade de renovação política, com a defenestração daqueles que nunca deveriam ter sido eleitos e daqueles que eleitos poderiam ter contribuído para sua comunidade, seu estado e seu país, mas se mantiveram omissos e aproveitando apenas as benesses do cargo.

A esperança é a última que morre, porém se pode afirmar que se já não morreu, está nos estertores. Fica muito difícil, quase impossível, acreditar que alguma coisa vai acontecer com novas eleições e que teremos novos tempos e novos ventos na política nacional e principalmente local. A doença terminal por que passa o sistema de escolha de nossos representantes no poder Legislativo já não é capaz de produzir bons frutos.

E hoje, não podemos nos calcar apenas nas palavras do nosso octogenário Pelé, que vem embalando muitas justificativas nos últimos pleitos de que o brasileiro não sabe votar. Pelé, filosoficamente, cravou um fato inquestionável, pois a verdade é que a enorme maioria dos eleitores é eleitoralmente analfabeta, porém a parte menor que sabe votar e que poderia fazer diferença, não tem em quem colocar seu voto, pois a quase totalidade dos candidatos não reúne as qualificações mínimas para concorrer aos cargos eletivos.

Podemos dividir hoje os candidatos em três classificações: os iniciados, os espertos e os ausentes. Dos iniciados não precisamos falar muito, pois são aqueles que já cumpriram ou estão cumprindo mandato por uma ou mais gestões e são inoculados com o vírus incurável da corrupção, da malversação e das ações em causa própria ou financiadas por terceiros.

Os espertos, o maior grupo, são aqueles que o único mote de sua campanha é se eleger para tirar as vantagens dos cargos e já têm no sangue o mesmo vírus latente, precisando apenas do lote mínimo de votos que os elejam para avançar de boca aberta em tudo o que puder alcançar e que, porém tem um pontinho a seu favor: precisam se reeleger e, além de se locupletar com o cargo, prestam alguns serviços à comunidade para não ser esquecidos.

Finalmente encontramos os ausentes. São aqueles que se candidatam, são funcionários públicos e querem aproveitar o período de férias da campanha. Também são aqueles que preenchem vagas a pedidos de amigos e parentes para formar chapa como buchas de canhão e por último são aqueles bem intencionados que acham sinceramente que podem fazer algo por sua comunidade.

Infelizmente os ausentes só tem dois caminhos se tiverem a felicidade de se eleger por um acidente eleitoral: ou passarão todo o mandato em branco, dando murros em ponta de faca e tentando ter raia própria nas suas propostas ou serão inocentes úteis que são facilmente doutrinados pelos iniciados e até pelos espertos e serão usados como massa de manobra para obter as vantagens espúrias das votações legislativas.

Frederico Lohmann é arquiteto e consultor

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