O país acompanhou uma verdadeira maratona para a renovação das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. No começo de dezembro, o Supremo Tribunal Federal, provocado, impediu que o ex-presidente Rodrigo Maia usasse artifício para se reeleger pela quarta vez ao posto e que David Alcolumbre também continuasse presidindo o Senado embora o regimento daquelas casas proíba a reeleição. Mesmo impedido, Maia tentou colocar Baleia Rossi na presidência através de um bloco de partidos de oposição. Como último suspiro, montou um superbloco parlamentar de esquerda com o objetivo de manter ainda algum poder na distribuição proporcional dos cargos da mesa diretora, ação que o novo presidente revogou como seu primeiro ato após a posse.
Os discursos dos presidentes – Arthur Lira na Câmara e Rodrigo Pacheco no Senado – são de restauração das duas casas que, por força do ativismo exacerbado que vêm abrigando desde o impeachment de Dilma Rousseff e aumentou contra Jair Bolsonaro, viveram nos últimos tempos um dos períodos mais negros de suas histórias. Os novos presidentes prometeram privilegiar o coletivo e acabar com o personalismo praticado por Maia e Alcolumbre. Oxalá cumpram e proporcionem à sociedade motivos para voltar a respeitar os parlamentares e acreditar no parlamento. O grande vencedor da super segunda-feira foi Bolsonaro que, explicitamente e pouco se importando com as reações dos opositores, apoiou os dois eleitos e espera, no lugar do engavetamento de projetos e do decurso de prazo das medidas provisórias que não eram pau tadas, ter seus projetos discutidos e votados por senadores e deputados.
Que as novas mesas diretoras recoloquem Câmara e Senado a serviço da sociedade e não de indivíduos, grupos ou ideologias. Que voltem a ser a casa do povo que nunca deveriam ter deixado de ser e, com isso lucrem o país e todos os cidadãos. Que as negociatas, a corrupção e os maus costumes sejam colocados no passado e o povo, beneficiado, tenha motivos para voltar a respeitar e até admirar seus parlamentares.
Os presidentes agora eleitos, se cumprirem o prometido, conseguirão devolver ao Congresso Nacional a estatura que os errantes fizeram encolher e, sem qualquer duvida, todos nós, como sociedade, vamos lucrar. Que o ambiente seja propício à discussão e bom encaminhamento das reformas que o país necessita e que elas venham para melhorar a vida dos cidadãos, jamais para atender a grupos. Que os parlamentares de bons princípios tenham a força necessária para realizar os seus trabalhos e, com isso, demonstrar à sociedade o que podem executar para, ao mesmo tempo, mostrar quem são os do baixo clero e suas artimanhas, fazendo que estes sejam descartados da forma que melhor possa atender aos interesses coletivos.
Outra coisa: que as centenas de projetos e propostas hoje engavetados para atendera interesses subalternos sejam colocados em tramitação e os parlamentares, como colegiado, possam decidir seja para aprová-los ou rejeitá-los. O que não deve continuar existindo é o travamento que tanto mal tem feito ao país e beneficiado a poucos, inclusive a esquemas criminosos. Que o Congresso Nacional volte, finalmente, a funcionar à altura de sua tradição e importância e, com isso, atenda aos interesses da sociedade. Temos, à nossa frente, a grande chance. Não podemos desperdiçá-la…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
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