(Artigo dividido em 3 partes) – parte I
Por Jorge Peró
Minha filha, quando ainda criança, chegou em casa uma vez propondo uma brincadeira: quando saíssemos à rua, aquele que primeiro visse um fusca azul ganhava o direito de dar um beliscão no outro. O que tenho a dizer é que levei muitos beliscões até que meu cérebro se acostumou a encontrar fuscas azuis. Aos poucos a troca dessas “gentilezas” foi se equilibrando, mas confesso que minha pequenina querida sempre ganhou de mim. O curioso é que já faz quase duas décadas, mas mesmo assim é difícil até hoje eu andar por uma cidade e não encontrar esse carro. Como tem fusca azul nesse mundo, gente!
É exatamente com esse mecanismo e com essa habilidade do cérebro que construímos a imagem pessoal que temos de nós mesmos! Perceba que isso não passou de um treinamento que oferecemos ao cérebro. Quando éramos bem crianças, usávamos os modelos que tínhamos, começando pelo que os pais ofereciam, depois família, colegas da escola, da religião e por aí vai. Tudo o que parecia um exemplo satisfatório foi se tornando um “fusca azul”.
Se alguém fazia um comentário, crítica ou elogio de algo em nosso comportamento que validava aquela ideia que já estávamos formando sobre nós mesmos, mais habilidade passávamos a ter para voltar a encontrar aquela característica em nós. Ou seja, mais fácil ficava encontrar em nós determinado temperamento, atitude, humor, gosto ou fraqueza que vinha sendo “valorizada”! Um ano seguido de outro, outro e mais outro para que aqueles “fuscas azuis” estivessem cada vez mais bem estacionados na garagem do inconsciente.
Não entraremos em detalhes aqui se há algum culpado nessa história, pois tudo o que nos serviu de modelo (por sua vez e a seu tempo) também usou os modelos que possuía para se construir. Se aceitássemos ver isso de forma mais “macro”, observaríamos que seguramente a decisão que um Faraó tomou há cinco mil anos atrás está impactando a vida de cada habitante do planeta na atualidade. Se pudéssemos ir lá conversar com aquele Faraó, ele nos garantiria que havia opções para aquele momento, e que coube a ele optar por uma delas. Mas era tão inevitável ele seguir somente por aquele caminho, que ele o fez. Vou contar o segredo, se é que você ainda não sabe: tudo vem sendo condicionado desde sempre.
Jorge Peró tem 53 anos, nasceu em Volta Redonda/RJ, é escritor e professor de Reiki.
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