Por que acabar com a escola cívico-militar?

Ao descontinuar o Pecim (Programa das Escolas Civico-Militar). criado em 2019 por Jair Bolsonaro, o presidente Lula certamente não imaginava que os governadores – inclusive aliados seus – iam reagir e manter esse sistema de ensino em seus Estados, mesmo que tenham de custeá-lo com recursos estaduais. São Paulo, Paraná e Santa Catarina já têm definida a continuidade. Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rondônia e Distrito Federal ainda dependem de providências mas também vão continuar. Outros Estados estudam a questão e até o ministro da Educação, Camilo Santana, se apressa em declarar que não haverá prejuízo aos alunos seu ministério acompanhará as escolas até serem reabsorvidas pela rede da Educação. No resumo: a maioria das unidades de formato militar – são centenas – sobreviverá, mesmo contra a extinção de verbas e a vontade do chefe do governo.

Pouco nos importa saber o que levou à decisão de Lula que, como eleito, pode adotar. Havemos, no entanto, de reconhecer que a escola militar é um formato vitorioso. Tanto que existem tantas espalhadas pelo território nacional. Seus métodos e disciplina são festejados pelos alunos e familiares. não há reclamação quanto à formação dos alunos, basicamente voltados para a atividade militar, onde o profissional passa a carreira toda estudando e se aperfeiçoando.

Há que se compreender que, embora tenha toda essa metodologia, a escola cívico-militar não tem por objetivo a formação de membros das Forças Armadas. Para isso há estabelecimentos específicos cujo processo de transferência de conhecimentos, disciplina e cidadania é ministrado ao aluno que, com o estudo ali obtido seguirá a sua vida civil ou, até, possa entrar para a carreira militar se assim o desejar e realizar as provas de ingresso.

Será um grande retrocesso se ficar constatado que o fim do programa, além das diferenças entre o atual e o passado governantes, também tiver razões ideológicas. A escola cívico-militar jamais deverá ser utilizada para incutir ideologias de direita em seus alunos, mas para aproveitar em benefício de sua formação a dinâmica do ensino militar desenvolvida aqui e utilizada localmente e em diversos outros países. .Se algum dia contemplar conteúdo ideológico, estará cometendo o mesmo engano ou deslize de que são acusados os professores de esquerda. Política na escola tem de ser aquela de essência: Educação Moral, Social e Cívica, que qualifica o aluno a raciocinar, decidir pela própria cabeça e tomar seu rumo. Nunca a pregação onde o professor seja um ativista normalmente cooptado por uma das extremas.

O governador Tarcísio, de São Paulo, formado no colégio e na engenharia militar, defende o formato como meio de oferecer ensino de qualidade como o que no passado recebeu. É importante que tanto ele quanto os demais que já resolveram ou ainda decidirão cacifar escola de formato militar jamais ousem permitir que sejam elas instrumentos de difusão ideológica tanto para a direita quanto para a esquerda. Escola não é partido e nem célula política. Qualquer ação nesse sentido deve ser exemplarmente combatida e eliminada para evitar prejuízo ao ensino…

As escolas militares, além de formar o pessoal das Forças Armadas, sempre atenderam a comunidade, especialmente nas áreas mais distantes ou carentes. Essa sua excelência é que deve ter motivado a montagem do programa agora em finalização. O ideal seria as áreas de Educação e as Forças Armadas unirem recursos e competências para que o maior número possível de alunos pudesse ser beneficiado. Oxalá, as mudanças não sejam para eliminar, mas venham em aperfeiçoamento. Os governadores já deram o pontapé inicial e o governo federal poderia participar em vez de se ausentar…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br     

1 Comentário sobre "Por que acabar com a escola cívico-militar?"

  1. Pelo meu ver, manter tais escola é dar emprego para quem já tem emprego

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