DIA DE CAMPO – Projeto de Revitalização da Bacia do Alto Araguaia indica o sucesso alcançado

Da Assessoria

O Projeto de Revitalização da Bacia do Alto Araguaia, sediado em Barra do Garças-MT, realizou Dia de Campo para apresentar as ações implementadas ao longo de dois anos na bacia do Córrego Fundo, no Dia Mundial da Água (22/03) na Fazenda Santa Filomena das Águas. O córrego Fundo, plano piloto do Projeto, é uma microbacia de importância hidrológica para o Rio Garças e fonte primária de compensação hídrica no abastecimento do município.

O projeto foi conduzido pelo Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Araguaia (CBH) e pelo Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), com apoio de diversas instituições parceiras, incluindo, a Prefeitura Municipal de Barra do Garças, a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER-MT), a Secretaria do Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT/Araguaia) e a The Nature Conservancy Brasil (TNC).O projeto foi financiado pelo Banco Bradesco S/A após aprovação no “Programa Águas Brasileiras” do Governo Federal.

Ao longo de sua execução, o programa beneficiou diretamente 25 propriedades por meio de ações voltadas para a recuperação das nascentes. Clodoaldo Queiroz, coordenador geral do projeto, ressaltou a importância do envolvimento dos produtores rurais: “Como guardiões desses mananciais, temos a esperança de que possam cumprir adequadamente a função social e ambiental de suas propriedades sem serem apenas obrigados pelos rigores da legislação.”

Dentre as realizações do projeto, destaca-se o isolamento e plantio de espécies nativas em 25 hectares de áreas degradadas em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), a construção de terraços em 350 hectares, a implantação de 100 e bacias de contenção em estradas internas das propriedades rurais, isolamento e plantio em torno de 32 nascentes e instalação de 10 fossas sépticas biodigestoras.

Também foram conduzidas pesquisas para avaliação da qualidade biológica e físico-química das águas de consumo, do índice de qualidade ambiental das nascentes, e encontra-se em curso o monitoramento da vazão e qualidade das águas dos riachos da bacia sob a coordenação da UFMT. O prof. Leandro S. Brasil, da UFMT/Araguaia, destaca “ Nós a gente precisamos cuidar do rio Araguaia cuidando das nascentes e do seu entorno pois, como “produtoras de água”, são as nascentes que no período crítico mantêm o Rio”.

Dona Creuza, beneficiária do Projeto e proprietária da Fazenda Verônica, avaliou de forma positiva as ações executadas. “Como um todo, foi muito bom para nós. O que mais gostei foi a respeito cerca da minha mina, porque eu sempre zelei dela e a gente tinha uma cerca muito frágil, não era uma cerca boa e o projeto me deu uma cerca boa. Eu já a preservava a mina, já tinha uma cerca de arame farpado, só que era bem simples e aí o projeto melhorou a cerca para a gente.”, afirmou.

João Maurício de Freitas, proprietário da Fazenda Nossa Senhora das Graças e beneficiário do projeto, elogiou a implementação da fossa séptica biodigestora. “A fossa chegou em boa hora porque a minha antiga fossa já estava bem cheia. Ela foi bem montada e ficou perfeita. Eu creio que ela vai ficar lá por uns 10 anos ou mais. A gente vai dando descarga nela, não tem mau cheiro, não tem mosquito para aborrecer”, finalizou.

Orenci Severino, produtor rural também beneficiado pelo Projeto, destacou a etapa de reflorestamento como um resultado já visível em sua propriedade. “Graças a esses terraços que eles fizeram, já não correu tanta água mais. E o reflorestamento também que eles fizeram, as árvores estão bem grandes. Já dá para ver a diferença”, pontuou.

O Projeto é reconhecido como pioneiro por ser o primeiro na região a revitalizar uma bacia hidrográfica e inovador por abordar o ciclo da água em diversas frentes, como afirmou o secretário municipal de Indústria e Comércio/Desenvolvimento Rural, José Bispo dos Santos. “Este projeto do comitê é inédito e inovador, pois quando se trata de preservar nossas nascentes e mananciais de água, consideramos isso algo muito especial.” 

A Promotora de Justiça de Barra do Garças, Dra. Nathalia Magnanzi, também esteve no evento e avaliou o Projeto como um case de sucesso que pode ser replicado em outras microbacias e municípios. “É um trabalho excelente que nos mostra que é possível levar esse modelo para situações muito mais amplas. Nosso objetivo é a proteção de toda a bacia do Alto Araguaia. Esse Projeto serve para incentivar outros municípios a reproduzirem esse modelo dentro de sua estrutura. Com certeza, é um caso de sucesso”, disse ela.

Esteve também presente o Gerente de Fomento e Apoio aos Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado – GFAC/SEMA – Leandro Obadowiskique ressaltou a importância e o pioneirismo do Projeto “É um marco na gestão participativa dos recursos hídricos em Mato Grosso e certamente será inspiração para os demais Comitês, pois a proposta pode ser perfeitamente replicada em outras bacias do Estado.”

Foi também destaque a participação de membros da diretoria do Comitê do São Lourenço (Rondonópolis/MT)que prestigiaram o evento para a troca de experiência na gestão dos recursos hídricos. Além de técnicos e gestores das prefeituras de Alto Garças/MT, Araguainha/MT, Torixoréu/MT e Aragarças/GO.

A assessora técnica da CPP e dra. Em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Eliana Paixão destacou a Clodoaldo enfatizou que ações como essa beneficiam um futuro mais sustentável. “Diante dos efeitos da mudança climática global, um projeto conservacionista de água como este é um alento para as futuras gerações. Aplicar tecnologia e conhecimento para garantir maior ‘produção de águas’ nas propriedades rurais e com a efetiva participação do envolvimento dos proprietários, seguramente, reverteremos esse quadro, explicou”.

O trabalho continua com o monitoramento e o manejo, principalmente nas áreas selecionadas para recuperação.

“A luta contínua pela sobrevivência, o reconhecimento das atribuições ambientais dos produtores rurais deve ser cada vez mais compartilhado e apoiado diretamente”, concluiu o coordenador do projeto.

   

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