Por Sylvio Costa
Numa vitória bem mais folgada do que indicavam os institutos de pesquisas, o político e empresário Donald Trump, do Partido Republicano, venceu as eleições nos Estados Unidos e em 20 de janeiro será empossado pela segunda vez presidente daquele país.
Segundo as projeções da agência de notícias The Associated Press (AP), Trump já tem assegurados ao menos 277 dos 538 delegados que compõem o colégio eleitoral que de fato elege o presidente estadunidense.
Cada estado elege um conjunto de delegados, que votam no candidato mais votado. Somente os estados de Maine e Nebraska dividem os votos dos delegados, de modo proporcional à votação dos postulantes. Como são estados pouco populosos e com número limitado de votos no colégio eleitoral, isso tem baixo impacto no resultado geral das eleições.
Donald Trump, 78 anos, ganhou em 31 estados, recuperando inclusive seis unidades federativas nas quais ele havia sido derrotado pelo atual presidente, Joe Biden, em 2020.
A vitória se estende ao Senado, que voltará a ter maioria republicana após quatro anos de predomínio democrata. Ainda não está claro se o Partido Republicano manterá o controle que tem hoje sobre a Câmara dos Representantes (a Câmara dos Deputados deles).
Trump também melhorou seu desempenho em relação a 2016, quando perdeu na votação popular, embora tenha vencido Hillary Clinton na disputa pelos votos dos delegados. Naquele ano, Hillary teve 65,8 milhões de votos, 2,87 milhões a menos do que o total obtido por Trump.Publicidade
Agora, com a apuração ainda em andamento, Donald Trump já acumula mais de 71 milhões de votos, 5 milhões a mais do que o total até aqui computado em favor da democrata Kamala Harris, atual vice-presidente.
Foi inexpressiva, como de costume, a votação dos candidatos independentes — ou seja, sem filiação aos partidos Democrata e Republicano, que tradicionalmente controlam a política nos Estados Unidos.
Trump, 78 anos, voltará a presidir os Estados Unidos mesmo tendo uma longa folha corrida. Além de ser suspeito de participar da invasão do Parlamento estadunidense em 6 de janeiro de 2020, com o objetivo de evitar a diplomação de Biden como presidente, já foi acusado de assédio sexual e moral, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e de vários crimes financeiros.
Para a a socióloga Gisele Agnelli, no entanto, ele e seus aliados foram eficientes ao explorarem o desconforto dos norte-americanos em relação à situação da economia. Embora os números do governo Biden sejam bem melhores do que os do governo Trump em relação à inflação, ao nível de emprego e ao crescimento econômico, grande parte da população tem dificuldades para manter seu padrão de vida num mundo em que a tecnologia desemprega e impõe imensas necessidades de adaptação às pessoas.
O discurso do Trump de culpar os imigrantes por todas as dificuldades que o americano médio e as cidades pequenas enfrentam para se adaptar ao novo mercado de trabalho teve muita força nesta eleição”, afirma Gisele. Ela continua: “Trump foi muito eficaz no discurso de ódio e saudosista dos tempos áureos de grande crescimento econômico do ex-presidente republicano Ronald Reagan”.
Menos peso, portanto, tiveram aqueles temas que favoreciam Kamala Harris, em especial a defesa da democracia, dos direitos reprodutivos femininos e de mais investimentos em saúde.
Veja como está a apuração dos votos nos 50 estados norte-americanos e no Distrito de Colúmbia, onde fica a capital, Washington DC.
Fonte: The Associated Press (AP)
Autoria
Sylvio Costa Fundador do Congresso em Foco. Mestre em Comunicações pela Universidade de Westminster, na Inglaterra. Trabalhou como jornalista em veículos como Folha, IstoÉ, Correio Braziliense, Zero Hora e Gazeta Mercantil, entre outros, exercendo as funções de repórter, editor e chefe de reportagem. Ganhou, individual e coletivamente, mais de 20 prêmios de jornalismo e comunicação. É servidor concursado do Senado Federal, onde está lotado na TV Senado.
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