A reforma ministerial que o presidente Lula começou ao demitir a ministra da Saúde e colocar em seu lugar o seu velho parceiro de política Alexandre Padilha que, até agora, estava à frente das relações institucionais do governo, não passa do esforço do presidente para melhorar sua avaliação política no afã de eleger-se para o quarto mandato presidencial. Está longe de ser uma tentativa de melhorar o desempenho governamental ou solucionar os graves problemas político-administrativos. Atrás desses dois auxiliares realocados, outros deverão ser demitidos ou reaproveitados em posições que lhes sejam mais compatíveis. Mas nada demais, pois a grande necessidade do momento – que é a de economizar nas despesas – não está no cardápio do presidente e dos seus auxiliares mais influentes. A gastança é mantida, apesar de toda a pressão que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sofreu seguidamente para economizar. Todas as propostas economizadoras têm sido passadas para traz porque o que o governo quer é gastar e só aceita buscar o equilíbrio através do aumento de tributos, que encontra oposição no Congresso Nacional.
É certo que Haddad será instado a continuar negociando com senadores e deputados, mas é difícil admitir que suas propostas se tornem medidas concretas. Até porque economizar não é a meta de um governo que usa o populismo das bolsas e outras benesses populares para buscar prestígio eleitoral e, se possível, votos nas próximas eleições.
Espera-se que os senadores e deputados – que hoje mantêm mais poderes frente ao governo do que nas últimas décadas – tenham a coragem e a disposição cívica de não permitir que o governo continue perdulário e descompromissado dos interesses da Nação.
O ideal seria que, em vez da simples mudança de ministros, o presidente promovesse a desmontagem de alguns ministérios que não provaram a que vieram e colocasse todos os esforços para ter a máquina pública azeitada e econômica.
Se tramitarem os projetos já apresentados ao Congresso para restabelecer melhores princípios eleitorais, os parlamentares prestarão grande serviço ao Brasil. A reeleição para presidente, governador e prefeito é uma chaga política que favorece os já eleitos e impede a ascenção de pretendentes aos cargos. As restrições da Ficha Limpa também só serve para que uns prejudique os outros e os mais poderosos se eternizem no poder em detrimento dos demais. Oxalá o Parlamento, dentro da nova conformação política decorrente das eleições das mesas diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados, ocorrida no começo do mês, tenha as forças capazes de atribuir a todo senador e deputado a força de verdadeiros representantes do povo. Que os céus os iluminem e, com isso, devolvam ao Brasil o equilíbrio entre os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), onde nenhum deles ouse continuar invadindo as atribuições dos demais. Precisamos de paz para garantir o desenvolvimento nacional. E isso não se consegue com a eternização de caciques nos postos eletivos. Eleição é meio franco de desenvolvimento e assim precisa ser tratada…
Independente de torcer por Lula ou contra ele, o eleitor brasileiro precisa analisar não só a reforma ministerial e as pesquisas que dizem do declínio do presidente. É necessário ver e analisar coisas como o programa “pé-de-meia”, o vale-gás, as bolsas e auxílios à população de baixa renda, a Farmácia Popular ampliada e, principalmente, o programa de isenção de Imposto de Renda Pessoa Física a quem ganha até R$ 5 mil (33% da população). Tudo isso, custeado pelo cofre público é o grande capital eleitoral de que Lula hoje se vale para tentar o quarto mandato presidencial, coisa inédita neste país e em praticamente todo o mundo. Se não questionarem tais coisas, seus adversários, sem qualquer dúvida, já podem, com toda essa antecedência, considerarem-se derrotados. Quem pretender resultado diferente, deve, pelo menos, questionar as benesses, enquanto isso ainda for possível…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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