Entre o Cristo Ressuscitado e o Coelho Capitalista

Foto: Reprodução

Konrad Felipe/ Jornalista – konradfelipe@gmail.com

A Semana Santa, tradicionalmente marcada por reflexões profundas, orações e manifestações de fé cristã, mais uma vez colore os dias em Barra do Garças com missas, procissões e encenações da Paixão de Cristo organizadas com empenho pela Igreja Católica. Para muitos fiéis, este ainda é um tempo de recolhimento, de espiritualidade e de conexão com o sacrifício e a esperança da ressurreição de Jesus. Mas há algo curioso — e inquietante — que se repete a cada ano: a Páscoa que se vê nas vitrines, nas gôndolas e nas redes sociais é bem diferente daquela ensinada nos evangelhos.

A imagem do coelho simpático, dos ovos recheados de chocolate e das embalagens cintilantes acaba, para muitos, sendo mais marcante que a do Cristo ressuscitado. A lógica capitalista tomou para si a simbologia da Páscoa, transformando o que era para ser um momento de partilha e fé em uma das datas comerciais mais lucrativas do calendário.

Não é difícil perceber que, para uma grande parcela da população, principalmente para as crianças, a Páscoa se resume ao chocolate — um símbolo doce, mas vazio quando desconectado do seu verdadeiro sentido. E quem não pode comprar? Fica à margem da festa? É justo que a infância de muitos seja privada do “gosto” da Páscoa por conta de um sistema que tudo vende e, com frequência, pouco compartilha?

É aí que entra uma boa ação que merece ser destacada — e reconhecida. Neste ano, a gestão do prefeito Dr. Adilson Gonçalves e do vice-prefeito Professor Sivirino realizou a distribuição de 8 mil ovos de Páscoa para os alunos da rede municipal de ensino. Um gesto que, embora envolva chocolate, carrega um simbolismo mais próximo da solidariedade cristã do que do consumismo desenfreado. É o poder público olhando para a infância com empatia, garantindo que nenhuma criança se sinta excluída dessa experiência tão presente no nosso tempo.

Vale lembrar que essa não é a primeira ação da gestão voltada à valorização das crianças e do ambiente escolar. Desde o início do mandato, o compromisso com a educação pública tem sido um dos pilares, com investimentos em infraestrutura, valorização profissional e também no bem-estar dos alunos — e, nesse caso, a entrega dos ovos tem um valor que vai além do doce: é cuidado, é inclusão, é presença.

Que este período nos convide a refletir: que Páscoa estamos celebrando? A da ressurreição ou a do consumo? Que valores estamos passando às próximas gerações? E que tipo de sociedade queremos construir a partir desses símbolos que herdamos?

Neste tempo de renovação, talvez o maior presente que possamos dar uns aos outros seja exatamente esse: o resgate do sentido. Que o coelho não apague o Cristo. Que o gesto simples de compartilhar — como fez a Prefeitura com as crianças — inspire mais ações que toquem a essência do que realmente importa.

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