Corporações e a barbárie

Há duas semanas o Brasil se escandalizou com os massacres em três presídios e o governo ensaiou “fortes medidas”. Acabaram quando acabou a exposição do problema carcerário na mídia. Agora é a absoluta insegurança pública no Espírito Santo. A Polícia Militar aquartelou-se e usou famílias de policiais para os “impedir” de saírem dos quartéis. Aqui convivem dois problemas. Ambos nas suas faces cruéis.

De um lado, a Constituição Federal super-protecionista com o serviço público somada com as benesses criadas nas gestões petistas pra transformar os servidores públicos em eleitores cativos. O serviço público foi contemplado na Constituição de 1988 como uma força de segurança nacional destinada a manter o funcionamento da burocracia e, por conseqüência, do Estado brasileiro. Deu-lhe direito de greve remunerada e uma série de garantias, a princípio, consideradas democráticas. No entanto, tais benesses se transformaram ao longo do tempo em  corporações com grande capacidade de poder político. Neste caso específico do Espírito Santo, a corporação Policia Militar parou por decisão unilateral e expôs a população à barbárie.

Mas aqui entra outro fator tão grave quanto o poder das corporações: a força da barbárie vinda das camadas populares da sociedade. Alimentada durante os governos petistas com assistência social baseada no discurso de compensação do que lhe roubara as elites, estabeleceu-se uma divisão de “nós contra eles” dentro da sociedade brasileira. Neste momento, a banda dos pobres voltou-se contra a banda dos ricos e estabeleceu o crime da barbárie. 90 pessoas mortas em quatro dias.

Cabe um pouco de História que pretendo resgatar no próximo artigo, mostrando o momento em que as corporações do serviço público se deixaram contaminar com a ideologia da esquerda trazida pelos sindicatos orientados pelo Partido dos Trabalhadores através das centrais sindicais. Hoje o serviço público está fora de controle. Uma leve camada de racionalidade paira na relação do Estado e da Sociedade com as corporações do serviço público.

Pra encerrar este artigo, o registro de que estamos mais perto da barbárie incivilizada do que da sociedade estruturada. Mas o pior registro não é este. É que ainda tem muito pra piorar. Muito mesmo!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br

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