A vitória de Temer e a sua tarefa

O presidente Michel Temer conseguiu evitar seu afastamento. É importante compreender que isso não representa o perdão aos crimes que possa ter cometido. Assim que entregar a faixa presidencial, terá de se explicar à Justiça, com a possibilidade de defender-se e, se for o caso, provar sua inocência. Além de tudo, autorizar ou não que o Supremo processe o presidente é a tarefa constitucional da Câmara dos Deputados, que foi cumprida. Verdade, que os parlamentares poderiam tê-lo feito de forma mais simples e discreta, sem os lances circenses que exibiram à nação durante a sessão, transmitida pelo rádio e TV e acompanhada pelos jornais e redes sociais. Esse comportamento, que chegou a ter lances de selvageria, só servem para turvar ainda mais a imagem da desgastada classe política, infelizmente.

Passado o episódio, pouco nos importa os métodos empregados – tanto pelo governo quanto pela oposição – para chegar à votação. A verdade absoluta é que o governo conseguiu mais do que os 172 votos que necessitava e a oposição não reuniu os 372 que lhe facultaria o afastamento presidencial. Tanto um lado quanto o outro deve estar consciente de que não têm prestigio suficiente para fazer tudo o que quiserem. O governo há de ter a sensibilidade para saber que não reúne os 372 votos necessários à aprovação de PECs (Propostas de Emenda Constitucional), como a da reforma previdenciária, por exemplo. Assim sendo, situação e oposição não devem se lançar em grandes empreitadas e precisam se respeitar, se isso ainda for possível.

Temer precisa reconhecer as limitações impostas ao seu governo e os oposicionistas, especialmente os petistas e seus aliados, carecem acabar com a inverossímil tese do golpe e a estúpida e inconstitucional campanha das “diretas já”. Os dois lados devem respeitar o povo que sofre na fila de desempregados e com a falta de serviços públicos que a Constituição garante mais o governo não oferece, e terem paciência de esperar até a chegada das eleições do próximo ano.

Queiram ou não seus adversários, Temer está investido no poder. Travar o governo é impatriótico e o próprio governo avançar com pautas que não tem condições de bancar, é temerário. Precisamos de equilíbrio entre as correntes políticas para que a estabilidade proporcione, pelo menos, o reequilíbrio da economia, a volta dos negócios, dos empregos e isso possa afastar pelo menos um pouco o sofrimento do povo.

O presidente tem de, com a possível humildade, reconhecer o limite do poder de fogo do seu governo e não partir para missões impossíveis. Não pode se esquecer de que ainda pode sofrer outras duas denúncias vindas do procurador-geral da República e ter outros contratempos. E. diante da brevidade do mandato que lhe resta, deve priorizar a economia, mesmo que para isso seja necessário abrir mão das reformas. Se o país pode quebrar sem as reformas, considere-se que já está quebrado no que se refere à economia.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br   

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