Com o tema O Brasil na década do Afrodescendente, reconhecimento, justiça e desenvolvimento foi realizada no dia 21 de Setembro de 2017 das 9h às 18h no Anfiteatro Municipal de Barra do Garças-MT, a IV Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial em parceria e apoio da Prefeitura Municipal de Barra do Garças por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Mulher e Promoção de Igualdade Racial; Secretaria Municipal de Cultura; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, Indústria e Comércio; Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial; União de Negros pela Igualdade Racial (UNEGRO-Pantanal/MT); Movimento de Mulheres Negras o Estado de Mato Grosso; Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR); Sociedade Eco-Étno-Sócio-Cultura-Educacional Guardiões da Terra (Sociedade Guardiões da Terra); Grupo de Teatro Recriart; Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
“A Assembleia Geral da ONU, reservou uma década dedicada aos povos de ascendência africana, denominada de Década Internacional de Afrodescendentes: de 2015-2025. Ao declarar esta Década, a comunidade internacional reconhece que os povos afrodescendentes representam um grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos. Cerca de 200 milhões de pessoas auto identificadas como afrodescendentes vivem nas Américas. Muitos outros milhões vivem em outras partes do mundo, fora do continente africano”, informa a Secretária Adjunta de Relações Institucionais, Mulheres e de Gênero da UNEGRO-Pantanal/MT, Marinalva Marques de Souza.
A discussão girou em torno das questões raciais afro-indígena quantos aos costumes, hábitos, história, saúde, gastronomia e religiosidade, bem como a sua valorização e sua importância social, nos movimentos Negro e Indígena, em especial. Houve a apresentação de cenas da peça: “Quem casa quer casa”, Dança Tribal Africana pelo grupo Recriart e, capoeira e Maculelê pelo grupo Abadá Capoeira.
“O respeito é o princípio de todas as relações. Seja a mudança que você quer no mundo!”, ajuíza o Vice Prefeito Municipal, Welinton Marcos. Afinal, “a identidade brasileira se dá através da pluralidade étnica-cultural afro-indígena”, afirma a Vice-presidente do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, UNEGRINA e do Movimento de Mulheres Negras, Divina Célia Sena.
Contudo, “há ainda dificuldades de Promoção da Educação e Saúde Indígenas por pessoas qualificadas, bem como locais adequados para o atendimento humanizado”, ressalta o Professor Xavante Cristóvão Tsero’odi, ou seja, “necessita de um centro/espaço de referência para a comunidade indígena, em especialmente, Xavante”, afirma o Cacique Mariano W. Babate. No entanto, “cada vez mais há a composição de indígenas nos Conselhos Municipais para as discussões concretas sobre as dificuldade administrativas municipais quanto a saúde, educação e preconceito racial, sendo assim, de grande importância”, destaca o Presidente da União de Bairros de Barra do Garças, José Neto. E a enfermeira Sílvia Ratto informa que “setenta e quatro por cento (74%) do atendimento do SUS é feito para negros. O Brasil precisa dar valor/importância a justiça social às diversas etnias que compõem a sociedade brasileira.”
Quanto a saúde, a “Anemia Falciforme é predominante na população negra, ainda há pouco acesso às informações sobre a anomalia, assim como, suas particularidades, suas complicações, importância, triagem, diagnóstico e terapia”, palestrou a Enfermeira Maria da Gloria da Silva.
“O desconhecimento gera preconceito. O racismo prega a superioridade e a inferioridade humana (conceitos pré-estabelecidos no cotidiano antes mesmo de um contato inicial)”, declara a Secretária de Cultura, Esporte, Trabalho, Emprego e Renda da UNEGRO-Pantanal/MT, Eva Souza e Souza.
Embora, as discussões sobre a temática etnorracial esteja em avanço, ainda permanece “a descaracterização etnorracial Pré Colonização Brasileira juntamente às posteriores”, atesta o Ambientalista e Secretário de Comunicação da UNEGRO-Pantanal/MT, Ciro Gomes de Freitas. Assim, “é de suma importância a valorização da assimilação da negritude na cultura e linguagem brasileira”, assegura o Conselheiro de Cultura Vidal de Alencar. “O Estado de Mato Grosso precisa cada vez mais assumir a nova roupagem a partir do berço cultural advindos das heranças afro-indígena”, afirma a Secretária Municipal de Cultura, Elvira Leite.
Em relação, aos aspectos sociais, “precisamos favorecer a participação plena e igualitária, em todos os aspectos da sociedade garantindo os direitos socioeconômico, cultural, direitos humanos, liberdades fundamentais das pessoas afrodescendentes para o desenvolvimento social. Atacar irracionalmente aquele que tem preconceito seria usar das mesma arma, gerando mais conflito, desse modo, a chave é entender seu mundo mental, seu conceito de mundo, de certo, de cultura” palestrou a Bióloga e Couching Eliza de Alvarenga Naves.
Infelizmente, falta entender a realidade da população negra, “cinquenta e quatro por cento (54%) da população brasileira se autodeclara negra. Os preconceitos raciais estão imbuídos na linguagem. Há preconceito e discriminação preestabelecidas. Ainda há uma dívida histórica social com as etnias. Falta identidade brasileira: reconhecimento da condição de negro histórico. O racismo é o retrato da intolerância no Brasil. Igualdade versus Equidade (Justiça Social)”, palestrou a Assistente Social, Andreia Figueiredo Dantas. E “a partilha do conhecimento e dos saberes é a função ideal de todos os seres humanos, sem que se perca sua identidade. Não existe dono da verdade do conhecimento e dos saberes. O preconceito é falta de conhecimento” finaliza o Indígena Eliseu W. Tsiprè.
Ao final, os grupos de estudos apresentaram a plenária as propostas para a Conferência Estadual de Promoção da Igualdes Racial, bem como eleito a delegação municipal para a etapa estadual, a qual será realizada em Cuiabá-MT, no final de novembro.
Marinalva Marques
SRT 2006/MT
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