A saúde do presidente

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
 
Além de todas as incertezas e desconfortos que permeiam o terreno político brasileiro nesse início de ano eleitoral, temos, adicionalmente, o problema de saúde do presidente Michel Temer. Para atender aos compromissos governamentais, o paciente negligenciou o repouso determinado pela equipe médica que o atendeu em há um mês no Hospital Sírio-Libanês (São Paulo) e, com isso, agravou seu estado e desenvolveu quadro infeccioso. Isso o impediu de passar o Ano Novo no Rio de Janeiro conforme estava programado, o fez cancelar a agenda do primeiro dia útil do ano e, com certeza, o tirará de cena nas próximas semanas quando, entre outros compromissos, deveria comparecer ao Fórum Mundial de Davos (Suíça).
 
Temer teve um ano agitado. Adicionalmente às tarefas reparadoras de governo no pós impeachment de Dilma Rousseff, enfrentou o desgaste das duas denúncias que pretenderam afastá-lo do poder e se vê obrigado a administrar uma equipe composta por ministros e outros auxiliares denunciados na Lava Jato e, ainda, ter de conviver com um Congresso onde seus aliados também são alvos de denúncias e processos. Tanto que escolheu o deputado Carlos Marun – hoje alcunhado ‘pitbul’ –  para a sensível tarefa de coordenação política. Sua vida, sem qualquer dúvida, não está fácil neste momento que, paradoxalmente, é o da construção da imagem com a qual restará para a história após uma militância política de décadas.
 
Apesar de tudo, Michel Temer precisa levar em consideração a sua condição de ser humano e de homem septuagenário. Não existe compromisso político ou administrativo que justifique descuidar da saúde fragilizada. Melhor seria que desde o início tivesse atendido por inteiro as recomendações médicas. Feito isso, provavelmente não teria desenvolvido a infecção e, em vez de prolongar, seu tratamento já poderia estar na fase final. Agora, que passará por novos procedimentos, deve considerar mais de perto seu estado físico e, se for o caso, licenciar-se e deixar a tarefa de governar para o deputado Rodrigo Maia, seu substituto legal, que detém essa posição justamente para atender aos momentos de seu impedimento.
 
A história recente contabiliza o trauma da morte de Tancredo Neves que, segundo os bastidores, negligenciou a saúde e teve de ser hospitalizado no dia 14 de março de 1985, véspera da posse, para não mais sair do hospital, morrendo em 21 de abril. Os acontecimentos de então foram tão traumáticos que ensejaram a boataria de que o presidente eleito teria levado um tiro durante a missa da qual participou na catedral de Brasília. Já o presidente João Figueiredo (o ultimo dos governantes militares) não deixou o quadro se agravar e operou o coração em pleno mandato, escolhendo fazê-lo nos Estados Unidos.
 
Senhor Michel Temer. Considere que sua tarefa básica de desviar o país da bancarrota já está cumprida. Hoje temos a economia em reaquecimento e as reformas em andamento. Lembre-se também que sua vida é prioridade. Cuide-se para se manter saudável e poder, também, desfrutar do novo tempo construído a partir do seu trabalho.  Um novo mártir é o que menos interessa aos brasileiros…
 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br                     

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