‘Não sou Mãe Dináh para adivinhar o que o MP faz’, rebate Taques a ex-presidente da Ager

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

O governador Pedro Taques (PSDB) rebateu o ex-presidente da Agência Estadual de Serviços Públicos (Ager) Eduardo Moura dizendo que não é vidente para saber o que o Ministério Público Estadual está fazendo. Moura foi alvo de uma busca e apreensão na semana passada, um dia após assinar uma carta de manifesto de 31 ex-aliados explicando os motivos para romper com Taques. Quando a operação estourou, Moura deu a entender que a ação poderia ter influência do governador. 

“Só se eu fosse Walter Mercado, Mãe Dináh para adivinhar o que o Ministério Público faz. Imagina se eu teria condições de mover o Naco [Núcleo de Ações de Competência Originária ], imagina se eu tivesse o poder de desembargador do Tribunal de Justiça. Isso é conversa fiada que desde que eu sou procurador da República, este tipo de insinuações existem. Por que não acusa quem determinou a prisão? Então tem que parar com este lenga-lenga”, respondeu o governador.

O ex-presidente da Ager foi um dos 31 políticos que manifestaram descontentamento com a gestão Taques e elencaram em carta amplamente divulgada na mídia os motivos para seguirem como oposição nas eleições de outubro.

No dia seguinte, a Delegacia Fazendária deflagrou a operação Rota Final, que prendeu o empresário Eder Augusto Pinheiro, seus funcionários de confiança Max Willians de Barros Lima, Wagner Avila do Nascimento e o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Setromat), Julio Cesar Sales.

Moura, que presidia a Ager em parte do período investigado, ao ir espontaneamente a Defaz prestar esclarecimentos, disse à imprensa achar estranho ser alvo de uma operação um dia após assinar a carta-manifesto contra Taques.

“Assumi a Ager em 2016, durante minha gestão não dei nenhuma concessão, pelo contrário, cortei algumas. Então não entendo o que estou fazendo neste processo. Se é reflexo de uma carta que eu assinei ontem, não sei. É o estilo Pedro Taques de fazer política. Espero que não seja”, disse antes de entrar na delegacia.

Rota Final
 
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação partiu de denúncia anônima feita em Ouvidoria dando conta de que servidores públicos e empresários do ramo de transportes intermunicipais estariam planejando fraudar a Concorrência Pública 001/2017, lançada pela secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), com o objetivo de conceder 13 lotes de linhas de ônibus para o “Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso”.
 
A suposta organização criminosa seria formada por servidores da Sinfra e da Ager, além dos próprios empresários. O conjunto, que “há anos pratica crimes contra a administração pública”, atuaria com estrutura hierarquizada e divisão de funções.
 
Segundo o MPE, compõem o grupo criminoso: “Éder Augusto Pinheiro, Júlio César Sales Lima, Max Willian de Barros Lima, Wagner Ávila do Nascimento, contando com a participação de Eduardo Alves de Moura e o envolvimento de Luis Arnaldo Faria de Mello e Marcelo Duarte Monteiro”.
 
A operação trará à luz dados sobre a “composição da organização criminosa, a dimensão de sua influência política e econômica, sua estrutura hierárquica e, especialmente apurar a identidade de todos os servidores públicos que foram cooptados e ainda, materializar as condutas criminosas engendradas e já executadas, com o propósito de neutralizar a ação isenta, regular e legal da administração pública, fraudar processo licitatório e consolidar o transporte rodoviário intermunicipal precário”, conclui o documento.

Por Olhar Direto 

Da Redação / Carlos Gustavo Dorileo 

Da Reportagem Local – Érika Oliveira

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