DIREITA, VOLVER

Os resultados do primeiro turno das eleições gerais de 2018 tem deixado analistas, institutos de pesquisas, dirigentes partidários, acadêmicos, enfim, estudiosos da dinâmica política brasileira um tanto estupefactos ou atarantados.

Alguns analistas e profissionais da mídia falam em um verdadeiro “tsunami” na política brasileira, com a derrota de velhos caciques que durante décadas, alguns com quase meio século de vida pública, verdadeiros donos de currais eleitorais e de cadeiras cativas no Senado, na Câmara Federal e nas Assembleias Legislativas foram vergonhosamente derrotados nas urnas.

Parece que os eleitores, de forma anônima, deram cartão vermelho para velhas raposas, boa parte ou talvez a maioria desses políticos e de outros que escaparam por pouco da guilhotina eleitoral, fazem parte de suspeitos e investigados por corrupção ou pertencem a grupos que são acusados de corrupção ativa e passiva, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha e com alta probabilidade, ao perderem a impunidade e o foro privilegiado, poderão ter o mesmo destino de outros políticos que estão trancafiados, longe do convívio político, social e econômico da vida nacional.

Outro aspecto desta onda foram as derrotadas dos chamados partidos de centro ou o “centrão”, incluindo os tucanos (PSDB), MDB, DEM e alguns outros de seus satélites. Comparados os desempenhos, por exemplo, da ex presidente Dilma, do atual senador e futuro deputado federal Aécio Neves nas últimas eleições em 2014, tanto a derrota de Dilma para o Senado em Minas Gerais quanto a pífia votação de Geraldo Alkmin quanto de Henrique Meireles, foi possível perceber que os mesmos foram deixados `a própria sorte por seus correligionários, traídos como se chegou a dizer de forma aberta.

Outra particularidade deste primeiro turno foi o derretimento de Marina Silva, que passou de mais de 20 milhões de votos há quatro anos quando quase chegou ao segundo turno contra seus poucos mais de um milhão de votos, metade da votação de Janaina Paschoal, do PSL, eleita como a deputada estadual em São Paulo, com mais de dois milhões de votos, a mais votada na história do Brasil.

A busca de um consenso como alternativa de centro para evitar a radicalização entre esquerda e direita, mesmo com o empenho de Ciro Gomes, de Geraldo Alkmin, Meirelles e outros candidatos fracassou de forma clara. Os eleitores preferiram os extremos, com Bolsonaro representando as forças de direita, os conservadores como a opção mais provável no segundo turno, a não ser que ocorra outro tsunami no segundo turno e Fernando Haddad, que representa a esquerda, venha a ser o vitorioso, realidade pouco provável.

Além do DEM, MDB e PSDB, que em passado recente eram os partidos que representavam os interesses do mercado, das forças conservadoras, também o PT e alguns de seus aliados, principalmente o PCdoB, perderam espaço no Congresso Nacional. O espaço antes ocupado pelos partidos de centro deverão ser ocupados de forma avassaladora pelo PSL um partido nanico até a presente legislatura e que a partir de 2019 deve ser a segunda força na Câmara Federal.

Com o advento da cláusula de barreira diversos partidos nanicos devem desaparecer e ou seus parlamentares eleitos deverão migrar para outros partidos. As perspectivas, devido ao fisiologismo que é a marca registrada da política brasileira, a maioria desses parlamentares devem aumentar as fileiras do PSL, partido de Bolsonaro e outros que deverão ser seus aliados no Congresso.

Dificilmente os partidos de esquerda, mesmo com o bom desempenho do PSB, deverão ter número de deputados e senadores para barrarem o rolo compressor da direita tanto no Congresso Nacional quanto nas Assembleias Legislativas, incluindo a de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Nota-se perfeitamente não apenas uma polarização entre esquerda e direita na política brasileira a partir deste segundo turno e com mais ênfase a partir de 2019, mas sim, uma guinada avassaladora das forças de direita, incluindo empresários e a classe média, servidores públicos graduados e os marajás da República nos três poderes, no MPF/MPE que, com exceção do Nordeste e do Pará e da população pobre, deverão mudar as pautas da vida nacional, estimulando, ainda mais não apenas os conflitos ideológicos, mas principalmente a violência política nos próximos anos, incluindo as eleições municipais de 2020, onde esquerda e direita voltarão a se enfrentar em verdadeiras lutas fratricidas.
Quem viver verá.

JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

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