Nem escola, nem professor

A passagem dia do professor, em 15 de outubro, é um bom momento para reflexão da profissão, do local de trabalho, do investimento governamental etc. Pode-se fazer um resumo da situação: o Estado gasta muito, o professor ganha pouco e as escolas estão destruídas. Tantos políticos e não conseguimos uma solução para os problemas.

O IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou em junho a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), referentes ao ano de 2018, com uma informação escandalosa, quatro em cada dez brasileiros com mais de 25 anos nem concluíram o ensino fundamental, ou seja, mais de 53 milhões de pessoas. Se somado aos que foram mais adiante, mas não completaram a educação básica, passa da metade da população, 52,6%, ou mais de 70 milhões de pessoas.

A pesquisa mostrou que, em 2018, existiam 47,3 milhões de pessoas de 15 a 29 anos e, destes, 23% não estudavam e nem trabalhavam, quase doze milhões de brasileiros, a já conhecida geração “nem-nem”, e essa taxa é maior entre as mulheres, com 28,4%, já entre os homens, o índice é bem mais baixo, chegando a 17,6%. Os afazeres domésticos são responsáveis por afastar da escola 24,2% das mulheres, já para os homens esse é o motivo para 0,7%.

É muita gente sem uma ocupação produtiva ou que não esteja estudando ou se qualificando. Porém, o trabalho, ou a procura dele, também é obstáculo para não estudar. Dos homens com idade entre 15 e 25 anos, 47,7% está fora da escola ou de cursos de qualificação e entre as mulheres, chega a 27,9%. Mas não é o único motivo, um quarto dos homens simplesmente não tem interesse em estudar, já para as mulheres o desinteresse é menor, 16%. A motivação ao estudo é ponto importante que os que fazem as políticas públicas devem considerar.

Porém, os dados não são desanimadores quando se observa a evolução histórica. Em 2017, 40,9% da população brasileira acima de 25 anos não tinham o fundamental, agora é 40%. Já o índice de pessoas que não terminaram a educação básica chegava a 53,8%, agora é 52,3%.

O IBGE ainda verificou quanto tempo de estudo o brasileiro tem, ou seja, na média, tem 9,3 anos de estudo. Como se precisa de 16 anos, em média, para formar alguém no nível de escolaridade superior, ou seja, universitário, faltam quase sete anos de estudos. Não há grandes diferenças considerando o sexo, os homens estudam nove anos e as mulheres estudam 9,5 anos.

Mas a diferença é maior se considerarmos a “cor da pele”, pois os brancos têm, em média, 10,3 anos de estudo, enquanto os negros têm 8,4 anos. Já o Nordeste é a região do Brasil onde a população tem menos tempo de estudo, 7,9 anos. E, claro, a região Sudeste é a com mais tempo de estudo com 10 anos.

E o dado mais assustador, o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais, 6,8% dessa população. E a melhora sobre 2017 foi ridícua, apenas 0,1 ponto percentual, ou 121 mil analfabetos a menos.
Sai governo, entra governo e pouco muda… Com uma situação tão difícil, como esperar melhora quando o próprio ministro da Educação escreve errado e confunde Kafka com kafta?

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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