Hospital Municipal de Cuiabá começa a funcionar sem anestesistas e outros especialistas  

Gustavo Duarte

Uma obra que prometia ser sinônimo de melhorias para o atendimento à saúde matogrossense pode acabar trazendo riscos à população. O Hospital Municipal de Cuiabá foi entregue na última segunda-feira (18) com a promessa de estar 100% em funcionamento.  Porém, passados apenas dois dias da inauguração da última etapa da unidade, começaram a surgir denúncias sobre a verdadeira situação do hospital. De acordo com relatos, há falta de médicos anestesiologistas e a unidade ainda estaria sem pediatra, conforme relatou uma paciente que foi ao local nesta quarta-feira (20). 

A Sociedade Matogrossense de Anestesiologia (SOMA) repudia a abertura de qualquer unidade de atendimento à saúde sem a contratação completa do corpo clínico. “O médico anestesiologista é indispensável nos procedimentos cirúrgicos. Cabe ao profissional realizar o atendimento ambulatorial, avaliação pré-anestésica, além do acompanhamento da recuperação e o controle da dor do paciente no pós-operatório. A formação dos anestesiologistas é pautada pela qualidade, segurança e ética, o que os torna altamente qualificados para cuidar da vida e do bem-estar do paciente”, avalia o presidente da SOMA, Diogo Sampaio. 

Os problemas na saúde pública de Cuiabá não param por aí. Há atrasos recorrentes em pagamentos, de até cinco meses, aos anestesiologistas que atuam nos outros hospitais municipais da cidade. Além disso, a Prefeitura de Cuiabá deve mais de meio milhão de reais aos hospitais filantrópicos do IVQ, incentivo financeiro que paga os profissionais médicos para o atendimento no SUS. “Essa dívida gera insegurança e faz com que os anestesiologistas da capital não acreditassem no pagamento de seus honorários no HMC”, explica Diogo Sampaio.  

A Prefeitura de Cuiabá reconheceu que houve falta de profissionais no primeiro dia de funcionamento do HMC porque a empresa que venceu a licitação para atuar com serviços de médicos anestesistas desistiu de atuar no novo Pronto Socorro. No entanto, ainda segundo a Prefeitura, o quadro de profissionais necessários para o funcionamento da unidade hospitalar já foi restabelecido. 

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) informou que abrirá uma sindicância para investigar as denúncias. “Uma unidade médica deste porte, que prestará atendimentos de urgência e emergência, não deve, em hipótese alguma, abrir suas portas sem a estrutura mínima necessária, conforme estabelecido pela Resolução CFM 1451/95”, destaca o documento.  

Lorraine Souza – Timbro Comunicação

 

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