Os partidos e suas velhas cartilhas

               O levantamento realizado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, que encontrou  20 entre os 33 partidos políticos brasileiros definindo-se como “de centro”, apenas um que se acha de “direita”, sete autodefinidos como “esquerda” e cinco que simplesmente não se acham, mostra o grande ponto de interrogação vivido pela política nacional. A rigor, os conceitos de direita e esquerda são coisas antigas que já deveriam ter sido superadas por idéias mais contemporâneas e úteis. O conceito de “centro” ficou estigmatizado na época da Constituinte, onde os partidos com esse alinhamento foram batizados como “centrão” e atuaram sob o lema “é dando que se recebe” decorrente da oração de São Francisco de Assis mas, naquele contexto, simbolizador da barganha de poder e benesses por votos, sistema que vigorou até recentemente e nos levou à bancarrota.

                Com 130 anos de República e todos os trancos  e dissabores  vividos nesse interregno, nos, basileiros, já deveríamos ter evoluído pra algo mais pragmático, condizente com as necessidades de cada momento. Não precisamos dos discursos à esquerda, à direita ou mesmo ao centro. O que a Nação espera dos seus representantes é ação concreta que possa levar à solução dos problemas e diminuição do sofrimento do cidadão. A negligência de décadas, quando os políticos só pensaram em democracia mas nada fizeram contra vícios administrativos e políticos que nos conduziram ao desequilíbrio, precisa agora ser compensada com reformas que recoloquem o Estado nos eixos. Já se fez a reforma da Previdência, mas não é o suficiente. Também é preciso reformar a administração pública, a economia e a prática política. É desapontador é ver que muitos de nossos políticos, a quem cabe discutir e votar as reformas, parecem não ter consciência disso.

                A existência de 33 partidos é um incômodo. Mas chega ao nível de descalabro ter   outros 77 aguardando registro no Tribunal Superior Eleitoral. Não é àtoa que muitos deles nem sabem a própria orientação, se é que a têm. E o mais grave: tudo sustentado pelo dinheiro público.

                Enquanto não houver na classe política a consciência da necessidade de solução dos problemas que travam o país, infelizmente, continuaremos marcando passos. Esquerda, direita, centro e não declarados serão inúteis se seus integrantes com mandato e direito a voto não arregaçarem as mangas em busca do equilíbrio. Bastou os governos Temer e Bolsonaro mudar procedimentos para o pais dar sinais de recuperação. Depois da queda superior s 3% em 2015 e 16, o PIB (Produto interno Bruto) foi positivo em 17 e 18 e fechará 19 da mesma forma. Os partidos e seus integrantes têm o dever de ajudar nessa recuperação. Deixar o governo fazer seu trabalho e fiscalizar sem, contudo, inviabilizar.  Em vez dos velhos conceitos, seria melhor que todos elegessem o Brasil e o povo como sua fonte inspiradora e objetivo. Dessa forma, errariam menos…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br                                                                                                    

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