A crise da escola, do professor e do aluno

Uma das grandes empresas do comércio eletrônico informa possuir em seu quadro 200 vagas não preenchidas porque não encontra profissionais com a qualificação necessária para ocupá-las. Isso ao mesmo tempo em que o país registra 12 milhões de desempregados. Isso sem falar dos subempregados, dos biqueiros e de quem, por não encontrar, já deixou de procurar emprego. É um grande problema a ser resolvido, não só pelo governo, mas por todas as forças da sociedade que puderem oferecer algum tipo de contribuição.

Salvo melhor juízo, o cerne da questão está na falta de sintonia do serviço educacional com o mercado de trabalho. Os alunos dos diferentes níveis, quando recebem o diploma, não sabem o que dele fazer, chegando à conclusão de que sua formação não ajuda em nada e, por isso, não tem valor. São desconcertantes as narrativas sobre diplomados analfabetos funcionais ou, pelo menos, que não foram treinados para atuar na área que seus cursos prometiam habilitar. Isso requer rigor nos controles para evitar que a escola sirva apenas de emprego e renda àqueles que nela trabalham ou a mantém empresarialmente, e não agregue conhecimento aos que a frequentam na expectativa de um dia ter o seu lugar no mercado. Desde a mais tenra idade, o estudante deve ser educado de forma utilitária para, no momento em que parar, independente de qual seja, possa usar o conhecimento recebido como meio de subsistência.

Por mais razões humanitárias e psicológicas que se invoque para não fazer a aferição esmerada do alunado e exigir a repetição do período para aqueles que não apreenderam os conhecimentos constantes do currículo, é inaceitável a promoção de quem não aprendeu o ensinado. Faliram e perderam tempo tanto o aluno quanto seus mestres e o estabelecimento de ensino. Todos precisam de acompanhamento permanente como instrumento de garantia do programa escolar estabelecido e de cumprimento das suas metas. Algo de muito sério precisa acontecer nesse país para que a escola tenha eficiência e o alunado dela saia qualificado a seguir nos estudos e com conhecimentos para serem úteis no campo do trabalho.

A modernização e a humanização da escola que tanto tem se pregado durante as últimas décadas, infelizmente, nos trouxeram ao impasse. Antes da inutilidade do diploma, o sintoma claro da falência está na violência que leva alunos a agredirem professores e pensarem que estão agindo certo. É preciso mudar esse quadro e exigir respeito e comprometimento de todos. Ainda mais: eliminar o nefasto caráter ideológico levado para dentro das salas de aulas. Ao aluno deve se oferecer um programa de matérias e jamais a militância ideológica – pouco importa se de esquerda ou de direita – que professores temerários e também formados dentro dessa visão distorcida fazem questão de apresentar.

O governo, a sociedade e os centros do saber têm de mudar essa triste realidade. Escola não é partido político e não pode ser utilizada para militância. Quando isso acontece, o ensino vai à falência e a sociedade perde porque investiu na formação do alunado, mas grande parte dele não aprendeu o suficiente e não consegue colher os frutos o aprendizado. Acorda Brasil…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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