Felicidade em tempos de pandemia

Gente feliz dá lucro! Essa é uma das poucas verdades absolutas em que acredito e é, ainda hoje, um mantra que repito em absolutamente todas as minhas palestras e treinamentos. No entanto parece que o ano de 2020 veio para desafiar esta minha crença e tornar essa tal felicidade ainda mais difícil de alcançar em meio a uma crise de saúde pública, econômica e existencial que assola muitos que estão reclusos em seus lares. A pergunta que fica é: como ser feliz ou gerar felicidade em meio ao caos?

Apesar de novo, o tema da felicidade corporativa, já vinha ganhando algum espaço nas empresas e algumas delas adotaram – muitas vezes de maneira equivocada – medidas para garantir o bem-estar do seu time. Escritórios passaram a ser mais descolados, ganharam videogames, mesa de sinuca e um ar mais jovial. Alguns horários passaram a ser mais flexíveis e os gestores adotaram termos da moda como Kanban, Metodologia Ágil e começaram a se intitular “startup”, para dar uma repaginada na marca. Atitudes que podem ter sido relativamente eficazes no mundo pré-pandemia, mas que se tornaram obsoletos nas últimas semanas.

   Todos nós, gestores, precisamos ter em mente que gerar felicidade envolve entender que nossas empresas estão longe de ser nossa prioridade ou de nossos funcionários. Pois é! É exatamente isso que você leu: Nem você, nem ninguém, leva um negócio como prioridade na vida. Sabe por que? Porque qualquer empresa não é fim e sim meio. Eu explico: nossas empresas e os empregos que geramos- inclusive o nosso, de empreendedor – são ferramentas para atingir um objetivo. E existe objetivo mais universal do que a felicidade, seja ela manifesta da maneira que for? Se aceitarmos isso já será um grande passo em direção a uma maior produtividade e como consequência maior lucratividade.

O que seu funcionário quer? O que ele precisa para ser feliz? Será que precisamos abrir a mão, e como um gênio da lâmpada, atender a todos os desejos de nossos colaboradores? A resposta obviamente é NÃO. Mas como estudiosos que somos, podemos entender quais são as necessidades que todos os seres humanos têm em comum. Veja o exemplo da Disney: apesar de não oferecer altos salários, existe um mar de pessoas dispostas a trabalhar lá,  e aquelas que já estão trabalham com um largo sorriso no rosto. Isso acontece porque além de suprir a necessidade material, o dinheiro, ela supre a necessidade emocional do colaborador. 

Através de sua cultura e uma série de políticas internas bem construídas e corretamente aplicadas pelos gestores de toda a cadeia, os colaboradores se sentem parte da organização, acolhidos, sentem que podem falar e serão escutados. O bem-estar deles é levado em conta nas decisões diárias e, acima de tudo, eles tem certeza que a Disney confia neles. Um exemplo disso é a autonomia dos atendente de uma loja para resolver problemas dos visitantes. Quando você precisa trocar algum produto, qualquer atendente tem o poder de avaliar a situação e efetuar a troca ou reembolso. No Brasil? Neste caso haveria uma série de processos e algumas pessoas envolvidas para resolver um pequeno problema. Resultado: demora e cliente insatisfeito. O motivo: a desconfiança nos colaboradores.

Em tempos de pandemia, a Disney anunciou o fechamento de seus parques mas garantiu, mesmo sem previsão legal, o pagamento de seus colaboradores por um certo período. Por que? A preocupação com o bem-estar de seus colaboradores. Não é o bem-estar fundamental para a felicidade? Olhe para sua equipe e, como dizem os americanos, vista o seus sapatos. Tente visualizar a vida que cada um leva e como sua empresa colabora, não apenas com o salário, para que essa vida seja excelente, boa, razoável ou, infelizmente, medíocre? E obviamente isso inclui uma reflexão sobre nossa  própria vida e como nossa empresa reflete a nossa vida e de nossas famílias. 

Você tem suprido a necessidade emocional dos seus colaboradores? E tudo bem se o seu único colaborador for você mesmo. Será que eles sabem como a empresa está atuando nesta época de pandemia? Mesmo que a situação esteja difícil, você se comunica com eles, os escuta e pensam em soluções para o problemas que vivemos hoje? Caso você seja um empreendedor sozinho, você tem tirado tempo para ficar com a sua família, com seus amigos – mesmo que pela internet -, e de suprir as suas necessidades emocionais? 

Não escrevi este texto para trazer respostas absolutas, talvez nem mesmo respostas abstratas mas apenas para fazer você refletir em como ser feliz e ter pessoas felizes ao seu lado pode mudar a história da sua empresa. Se você se preocupar com isso agora, em tempos de crise, pense em como será mais fácil quando tudo voltar ao normal. Lembre-se: “gente feliz dá lucro!” 

Bruno Gonçalves é Engenheiro de Computação, com extensão em microeletrônica pela Universidade de Toulouse na França, instrutor de oratória a mais de 10 anos com passagem por empresas como IBM, Fast Shop e trabalhos realizados para SKY, VM Wave e Microsoft. Especialista na metodologia Disney aplicada para empresas, colaboradores e empreendedores embasado na formação como analista comportamental pelo Instituto Brasileiro de Coaching. Atualmente é palestrante especializado em Metodologia Disney, Diretor do Uau Business Institute e idealizado do Uau Business Conference. 

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