SOBREVIVÊNCIA AMEAÇADA

Por Frederico Lohmann –    

O mundo inteiro parou e nada acontece que mereça ser noticiado.

Frederico Lohmann

Essa é a constatação de uma análise das pautas praticadas pela grande imprensa internacional, seja televisiva, impressa, radiofônica ou internet. O que vemos é exclusivamente pandemia com alguns flashs de agitação social, internacionalmente falando, e a mesma pauta acrescida das fofocas sobre o desastrado governo de Jair Bolsonaro, a nível nacional.

A mais grave constatação se dá pela caçula das mídias, a internet. O crescimento assustador das fakenews, que ultrapassa a metade das notícias circulantes na web, tirou a credibilidade de qualquer informação e não nos permite, ao menos, fazer a verificação da veracidade.

As notícias falsas se espalham com tal velocidade que suplantam as verdadeiras na mídia social, fazendo com que a maioria das editorias evite a publicação de matérias que não tenham sido obtidas pelos seus colaboradores e reconfirmadas pelos redatores.

As limitações impostas à atividade de pesquisa externa pela pandemia estão também limitando a busca e divulgação do dia-a-dia das comunidades e restringindo as pautas jornalísticas àquelas que podem ser produzidas por telefone e internet, no caso atual dominadas por aquelas vinculadas aos informes da contaminação por Covid 19.

É irritante chegarmos ao final da noite, após percorrermos todos os acessos aos informativos, e descobrimos que quase nada, ou nada, pudemos saber, no mundo inteiro, sobre política, economia, cultura ou variedades. Sobre esportes tivemos nos últimos dias algum alento, com o retorno de algumas atividades esportivas, porém ainda insipiente.

Não vemos, em nível nacional, melhoras a curto prazo. A pandemia ainda se coloca em fase ascendente, mostrando que vai longe e, matando muitos, é pauta garantida. Na política, vemos a sobrevivência do mandato do presidente cada vez mais ameaçada e, pelo andar da carruagem, teremos alguns meses de burburinho ou até convulsão social, com o assunto dominando o noticiário.

A receita dos veículos de notícias despencou, seja pelo corte das verbas públicas já anterior à pandemia, seja pela própria pandemia, que reduziu anunciantes e dizimou parte das equipes jornalísticas. Os veículos já estão buscando um plano B para permanecer no mercado e, dependendo da duração da crise atual, veremos uma seleção forçada dos sobreviventes.

Frederico Lohmann é arquiteto e consultor

Seja o primeiro a comentar sobre "SOBREVIVÊNCIA AMEAÇADA"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*