NOVIDADE NO NOTICIÁRIO

Frederico Lohmann

Um pequeno alento na aridez do noticiário da imprensa nacional acontece com a entrega da proposta parcial de reforma tributária, engendrada ontem pelo ministro da Fazenda ao Congresso nacional.

No ano passado só tínhamos um assunto: Bolsonaro. A qualquer dia, hora ou local só se falava das peripécias do recém eleito presidente e o assunto foi esgotado e reesgotado, esgotando a nossa paciência. Na virada do ano fomos invadidos pelo noticiário da pandemia de coronavírus, que perdura até hoje, sem aliviar as notícias das baboseiras detonadas pelo nosso presidente, porém transformando a nossa vida em um inferno pela falta de outras notícias do Brasil e do mundo e pela massificação dos dois assuntos já insuportáveis.

Agora entraremos em uma nova fase. As notícias pandêmicas permanecerão, pois ainda é importante a crise no país. Sobre o presidente teremos menos fatos e fakes, pois ele aproveitará o refúgio da doença para diminuir o seu ritmo de bobagens e passará, provavelmente, para um plano menos exposto na imprensa e de menos conflito, para tentar garantir sua sobrevivência até o fim do mandato.

Teremos então a enxurrada de informações sobre a reforma tributária. Todos os entendidos ou pretensos entendidos serão entrevistados e Executivo e Legislativo emitirão pérolas para os anais da república. Como o número de palpiteiros na imprensa é maior do que o de verdadeiramente entendidos, não conseguiremos ter certeza de nada e só com a aprovação da legislação pertinente é que saberemos o que nos foi enfiado pela goela e quanto vamos pagar a mais de impostos nesse pais arrecadatório.

Enquanto isso, o Brasil segue em frente, sem que fatos positivos ou negativos cheguem em quantidade suficiente ao grande público através da imprensa. Apenas aqueles que dispõem de muito tempo e internet conseguem, através de intensa pesquisa, obter informações suficientes para separar o joio do trigo e formar opinião confiável sobre o que acontece aqui e lá fora.

O que me entristece é que, antes da massificação da internet, os grandes fornecedores de notícias eram os veículos de imprensa escrita, radiofônica e televisiva, que dispunham de equipes bem formadas de jornalistas e que buscavam o que acontecia no planeta e disputavam palmo-a-palmo os leitores ou a audiência.

Hoje, o jornalismo investigativo vem perdendo espaço rapidamente para o jornalismo de opinião, onde as informações são apresentadas aos leitores e espectadores através da opinião de consultores e experts, que derramam suas convicções nem sempre confiáveis e muitas vezes conflitantes, aumentando a desinformação.

Frederico Lohmann é arquiteto e consultor

Seja o primeiro a comentar sobre "NOVIDADE NO NOTICIÁRIO"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*